DORES E CONSEQUÊNCIAS
A manicure Graziela Maitê, de 42 anos, está impossibilitada de trabalhar desde que começou o tratamento contra uma infecção que adquiriu após fazer uma lipo da papada na clínica da Camila Groppo. O laudo atesta que a presença de uma micobactéria de crescimento rápido no organismo. A paciente toma antibióticos muito fortes que a deixam com tontura, problemas na audição, visão e outros efeitos colaterais.
Apesar do número alto de vítimas e casos suspeitos, Camilla ainda não foi ouvida pela polícia. Houve a suspeita de que ela estaria tentando fugir para outro estado, já que os investigadores apontaram que viram um anúncio da dentista de que faria os mesmos procedimentos no Rio Grande do Sul e que seu apartamento em BH estaria à venda. “Por isso, optamos por pedir os mandados de busca e apreensão para colher mais provas. Iremos ouvi-la em breve”, disse o delegado.
Nas redes sociais, o perfil de Camilla continua ativo, com postagens semanais. Os comentários das publicações são bloqueados. Durante os meses que passaram das primeiras denúncias, Camilla estava com seu registro no Conselho Regional de Odontologia (CRO) irregular. Nas últimas semanas, conseguiu regularizar a situação. “Não podemos impedi-la de exercer a profissão ou fazer postagens, apenas após a análise do CRO. Ela está proibida de atender no próprio consultório porque ele está interditado", disse Alessandro.
“Inicialmente, ela está sendo investigada por lesão corporal culposa. Com os laudos, vamos definir a conduta dela”, completou.
RELEMBRE O CASO
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte confirmaram um surto de micobactéria não tuberculosa de crescimento rápido (MCR), pósprocedimentos estéticos. Há 20 casos notificados, todos de pessoas que realizaram intervenções cirúrgicas em uma clínica odontológica da capital.
O local, administrado pela cirurgiã-dentista Camila Aparecida de Andrade Silveira – conhecida como Camilla Groppo –, já foi inspecionado e interditado em 8 de março deste ano por falhas no processo de limpeza e esterilização de instrumentais, além da suspeita de surto. Essa micobactéria pode gerar quadros graves, com formação de abcessos, e o tratamento engloba procedimentos cirúrgicos e uso de antimicrobianos por tempo prolongado.
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