Passando o Brasil a limpo
Duas notícias chamaram a atenção de todo o País nessa segunda-feira (30). A homologação das delações premiadas dos 77 executivos e ex-funcionários da Odebrecht pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, e a prisão do ex-bilionário Eike Batista, 60 anos, no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
A decisão da presidente do STF acaba com os boatos sobre a suposta lentidão na tramitação da Lava Jato provocados após a morte do ministro Teori Zavascki, no último dia 19. Cármen Lúcia mostra que o STF dará o tratamento necessário que o caso exige, pois a Operação Lava Jato apura o maior escândalo de corrupção jamais visto no País. E pelo que se antevê, qualquer que seja o sucessor de Teori na relatoria da Lava Jato no STF, ele terá um comportamento condizente com que espera a sociedade brasileira de um membro da mais alta corte de Justiça do país. Embora continue o sigilo do processo e o conteúdo dos depoimentos ainda não seja público, as delações-bombas são temidas por centenas de políticos – inclusive no governo Michel Temer - que são citados nos depoimentos de antigos e atuais executivos da Odebrecht.
Quanto a Eike Batista, a sua prisão volta a mostrar que o Brasil parece viver sob nova égide na qual políticos e empresários corruptos que, costumavam esnobar de “seus feitos”, não escapam mais impunes da Justiça. Depois de ser considerado em 2012 o homem mais rico do Brasil e o sétimo do mundo pela revista Forbes, com uma fortuna de 30 bilhões de dólares, Eike poderá revelar um pouco mais do mundo obscuro que envolve as licitações e os governos. E, já consciente de sua importância, ainda em Nova York elogiou a forçatarefa da Lava Jato afirmando que ela “está passando o Brasil a limpo”. E a nova estampa do ex-multimilionário no presídio de Bangu 9, de cabelo raspado e roupa de presidiário, dá esperanças de que finalmente o artigo 5º da Constituição Federal seja realidade de fato e a que lei não puna apenas os mais fracos social e economicamente.