Salada a preço de
Conab aponta queda histórica nos preços de hortifrútis devido à superprodução de itens como tomate e batata, que chegam a ser descartados por produtores
Depois de um ano repleto de problemas climáticos que geraram quebra de safra e alta dos preços, o valor de frutas e verduras apresentou uma queda histórica nas centrais de abastecimento pela superprodução. Em alguns casos, o valor ficou mais baixo em janeiro do que no mesmo período de 2015 e o reflexo direto apareceu principalmente no descarte de tomate e de batata em várias regiões produtoras do Paraná, porque o gasto com colheita e transporte não cobriria os custos.
No balanço anual, entretanto, é preciso salientar que houve redução na quantidade comercializada e aumento no valor total. O 1º Boletim Prohort de Comercialização de Hortigranjeiros nas Centrais de Abastecimento (Ceasas), desenvolvido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), aponta que houve queda de 3,35% no volume vendido nas Ceasas e alta de 14,63% na receita de produtos in natura na comparação entre 2015 e 2016.
O entreposto de Londrina teve a maior diminuição de quantidade da Região Sul, com variação negativa de 7,41%, e o terceiro maior crescimento de receita, com 22,62%. Em Curitiba, os resultados foram de menos 4,59% no volume e de mais
Somente em um mês as quedas de preços foram de 43,49% para a batata e de 14,77% para o tomate, segundo o Prohort. Ainda, outros produtos que não são analisados regularmente pelo boletim perderam valor, como o espinafre (-42%), a batata-doce (-28%), o jiló (-26%), a berinjela (-24%) e o quiabo (-22%), entre outros.
O técnico da Conab afirma que o preço da caixa de tomate bateu em R$ 10 para o produtor, o que não remunera o trabalho de colheita e faz com que muitos deixem até o fruto apodrecer no pé. No caso da batata, o preço pago no Paraná chegou a R$ 30 por saca. “Depois da alta de preços, de setembro para cá ocorreu um movimento inverso, mas 2016 foi um ano bom para o produtor”, diz.
Para Stefanelo, são apenas ciclos, que são mais curtos na hortifruticultura do que na produção de grãos, por exemplo. “Por isso
As frutas também enfrentaram quedas históricas no País no período, com destaque no Ceasa de Curitiba para o mamão (-9,57%), a melancia (-9,09%) e a maçã (-3,37%). No entanto, a banana (8,15%) e a laranja (14,48%) ainda estão em alta devido a problemas climáticos do ano passado.
O engenheiro agrônomo Paulo Andrade, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), afirma que existe uma inversão de hábitos no Brasil que leva à redução de consumo de frutas durante as férias de verão. Porém, como os agricultores são mais organizados em coletivos e possuem capacidade de armazenamento, eles sofrem menos em períodos de baixo preço. “Na maçã, o produtor é bem remunerado porque tem maior tecnologia e estoca com refrigeração”, explica.
O técnico da Conab defende que os especialistas em hortaliças tenham o mesmo tipo de organização, para reduzir perdas e negociar melhor os preços. “Algumas associações conseguem levar direto ao consumidor, por meio de feiras de produtores, o que reduz a intermediação, apesar de os Ceasas sempre terem os ajudado muito”, diz Stefanelo.