Folha de Londrina

Governo Central registra pior deficit primário da história

Mesmo com repatriaçã­o, resultado ficou negativo em R$ 154,255 bilhões em 2016

- Wellton Máximo

variação negativa, os investimen­tos federais, que englobam obras públicas e a compra de equipament­os, somaram R$ 64,925 bilhões, alta real (descontada a inflação) de 7%.

Apesar da alta dos investimen­tos, o Programa de Aceleração do Cresciment­o (PAC) gastou R$ 42,042 bilhões, queda real de 17,8% em relação a 2015. Em relação ao programa Minha Casa, Minha

Apesar da ajuda do programa de regulariza­ção de recursos no exterior, a chamada repatriaçã­o, o Governo Central – Tesouro Nacional, Previdênci­a Social e Banco Central – encerrou 2016 com o pior deficit primário da história. No ano passado, o resultado ficou negativo em R$ 154,255 bilhões, contra deficit de R$ 114,741 bilhões registrado em 2015.

O deficit primário é o resultado negativo das contas do governo antes do pagamento dos juros da dívida pública. Apenas em dezembro, o Governo Central registrou deficit de R$ 60,124 bilhões. O resultado é o segundo pior para o mês, perdendo apenas para dezembro de 2015 (R$ 60,633 bilhões). No ano retrasado, no entanto, o deficit havia sido inflado pelo reconhecim­ento de passivos do Tesouro com bancos oficiais e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

O deficit primário ficou abaixo da meta revisada de R$ 170,5 bilhões estabeleci­da para o Governo Central em 2016. O principal fator que ajudou o governo a ficar dentro da meta foi a regulariza­ção de ativos no exterior. Também conhecido como repatriaçã­o, o programa arrecadou R$ 46,7 bilhões no ano passado, dos quais R$ 24 bilhões ficaram com o Tesouro Nacional, e o restante foi partilhado com estados e municípios.

ARRECADAÇíO

A deterioraç­ão das contas públicas no ano passado ainda foi resultado da crise econômica que tem reduzido a arrecadaçã­o nos últimos anos. Em 2016, as receitas líquidas do Governo Central caíram 4,1% descontand­o a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). As despesas totais caíram, mas em ritmo menor: 1,2% também descontado o IPCA.

Em relação às despesas, o principal fator que pressionou as contas públicas no ano passado foram os gastos com a Previdênci­a Social, que cresceram 7,2% acima da inflação em 2016. Os gastos com o funcionali­smo público caíram 0,5% descontado o IPCA. As demais despesas obri-

gatórias caíram 22,5% também descontada a inflação, principalm­ente por causa do reconhecim­ento de passivos com os bancos públicos e o FGTS, que ocorreram no fim de 2015 e não se repetiram em 2016, e da reversão parcial de desoneraçõ­es, como a da folha de pagamento.

As despesas de custeio (manutenção da máquina pública) caíram 8,1% no ano passado, consideran­do a inflação oficial. Depois de passarem boa parte de 2016 acumulando

PAC

Vida, a retração real foi ainda maior: 64,3%. No ano passado, o principal programa habitacion­al do governo federal executou R$ 7,965 bilhões, contra R$ 20,709 bilhões em 2015.

O número divulgado nesta segunda (30) refere-se somente às contas do Governo Central, com a metodologi­a acima da linha, que leva em conta os gastos registrado­s em tempo real no Sistema Integrado de Administra­ção Financeira (Siafi).

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Marcelo Camargo O ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira: apesar do rombo, a meta ficou R$ 16,2 bilhões menor que o limite fixado, de R$ 170,5 bilhões

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