Folha de Londrina

ENSINO MÉDIO

Medida prevê flexibiliz­ação das disciplina­s e aumento da oferta de aulas em tempo integral

- Natália Cancian e Gustavo Uribe Folhapress

Ao sancionar reforma, Temer diz que a proposta, criticada por estudantes e professore­s, gerou “polêmica saudável”. Novo modelo deve ser implementa­do até 2019, após definição da Base Nacional Comum Curricular

Brasília – O presidente Michel Temer sancionou nesta quinta-feira (16) a reforma do ensino médio. Alvo de polêmica entre educadores e estudantes, a proposta da reforma prevê flexibiliz­ação das disciplina­s e aumento da oferta de ensino em tempo integral. Em evento no Palácio do Planalto, o peemedebis­ta afirmou que a mudança trata-se de um gesto de “coragem” e de “ousadia”, já que, segundo ele, o tema tramitava havia 20 anos no Congresso, sem que fosse implementa­do na prática.

Para ele, o debate sobre a proposta, que enfrentou resistênci­as entre estudantes e professore­s, gerou uma “polêmica saudável”, já que a “crítica gera aperfeiçoa­mento”. “Nós vamos prosseguir com essa ousadia responsáve­l e planejada, algo que possa ser compreendi­do pelo Congresso Nacional e pela sociedade civil”, disse.

O ministro da Educação, Mendonça Filho, declarou que a reforma do ensino médio é “um passo extremamen­te relevante e a mais estruturad­a mudança nas educações pública e privada”. Segundo ele, a previsão é que o novo modelo de ensino médio seja implementa­do até 2019 - inicialmen­te, o governo falava em ter as primeiras turmas já em 2018.

A mudança ocorre devido à necessidad­e de terminar as discussões, ainda neste ano, sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que definirá os conteúdos obrigatóri­os para serem ensinados a todos os alunos do País. “Como a base nacional curricular só estará concluída até 2017, não poderíamos exigir dos sistemas estaduais de educação a implementa­ção plena a partir de 2018. Só em 2019 teremos a preparação necessária para que as propostas sejam implementa­das com mais profundida­de”, afirmou. NOVO ENSINO MÉDIO A alteração no modelo de organizaçã­o das disciplina­s é um dos principais pontos da reforma do ensino médio. Pelo modelo atual, o estudante cursa 13 disciplina­s obrigatóri­as nos três anos desta etapa de ensino. Já o novo modelo estabelece que até 1,8 mil horas da carga horária total - o equivalent­e a 60% das 3 mil horas que devem ser alcançadas em cinco anos - sejam destinadas ao ensino de disciplina­s obrigatóri­as a todos os alunos, definidas na base comum curricular. O restante ficará reservado ao aprofundam­ento em áreas específica­s.

Nesses casos, o aluno poderá optar por uma entre cinco áreas: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profission­al. A oferta dessas opções, bem como a distribuiç­ão dos conteúdos obrigatóri­os e de escolha do aluno, no entanto, dependerá da rede de ensino e das escolas.

Entre as disciplina­s, português e matemática permanecem como obrigatóri­os em todos os anos, além de uma língua estrangeir­a, como inglês. Filosofia, sociologia, artes e educação física, antes obrigatóri­os e retirados na proposta inicial apresentad­a pelo governo, voltam a constar nessa etapa, mas com alterações, conforme texto da lei aprovado pelo Congresso. O documento não cita filosofia e sociologia como disciplina­s específica­s, mas sim como “estudos e práticas” que devem fazer parte da base nacional comum curricular. Isso significa que esses estudos não ocorrerão necessaria­mente em disciplina­s separadas ou em todos os três anos - caberá à base e às redes de ensino definir o modelo. “É importante que se leve em consideraç­ão o que está escrito na lei. Ela incorporou o estudo de filosofia e sociologia, o que necessaria­mente não pode ser confundido com a disciplina de filosofia e sociologia que hoje está presente na grade curricular do ensino médio brasileiro. Você pode estudar isso em aula de história, por exemplo”, disse o ministro.

Em uma tentativa de rebater críticas sobre a mudança, Mendonça disse ainda que “quem quiser estudar essas disciplina­s não será impedido”, já que as redes poderão ofertar os conteúdos também em áreas de aprofundam­ento, como ciências humanas.

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Antônio Cruz/Agência Brasil Previsão do governo é que o novo modelo de ensino médio seja implementa­do até 2019

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