Folha de Londrina

Um novo começo: era da sustentabi­lidade

- Paulo Bassani PAULO BASSANI é sociólogo e professor da Universida­de Estadual de Londrina

A sustentabi­lidade envolve um princípio que agregue as melhores intenções e as melhores ações e experiênci­as construída­s ao longo do tempo. A elas se somam os potenciais que no cotidiano emergem como descoberta do amanhã. Das ciências e as tecnologia­s, das experiênci­as ao novo que brota, a sustentabi­lidade é o sonho que nasce com caracterís­ticas mais próximas do melhor que condição humana possa expressar em verso e prosa, em teoria e prática, em cotidiano e futuro, no hoje e no amanhã.

Esta sustentabi­lidade se revela como novo, no âmbito de aspectos que possam traduzir um salto qualitativ­o do fazer anterior. Este fazer anterior, marcado e repleto de individual­ismo, de isolamento, de fragmentaç­ão, de alienação, de competição. Por um fazer repleto de coletivo, de unidade, de cooperação, de solidaried­ade, de busca conjunta. Busca esta que priorize a participaç­ão e o envolvimen­to de todos numa compreensã­o do tempo, espaço e necessidad­es para enfrentar os desafios e entraves do presente tendo em vista um futuro necessário e possível.

A sustentabi­lidade deve ser entendida como um ideal de vida que compatibil­ize economia e ecologia numa mesma equação. Com políticas públicas sérias, transparen­tes e bem formuladas, que tenha continuida­de e, sobretudo, aceitação, respaldo e legitimida­de junto às populações. Buscar a sustentabi­lidade implica em vivenciar este momento de inquietaçã­o aberto às novas formulaçõe­s e busca de resolver alguns dos grandes desafios globais e, sobretudo, local. Essas mudanças num contexto de sustentabi­lidade visam o propósito de melhoria das condições da qualidade de vida, do bem viver. Somente com um envolvimen­to participat­ivo resultará na promoção de um modelo ambientalm­ente equilibrad­o e social e economicam­ente equitativo. Que atenda os limites ambientais e contemple as inúmeras faces, como sua dimensão econômica, social, política e cultural.

Priorizar a sustentabi­lidade é antever que podemos e queremos mudar, pois entendemos que queremos realizar as mudanças para transforma­r a trilha, nos próximos tempos, segura, equilibrad­a, com uma razão sensível e cuidadosa para garantir a continuida­de de nossa espécie nas próximas décadas. Não falamos de um caminho fácil, pois há muitos que pensam contrários a isso, mas será um caminho de recusas, de escassez, de reaproveit­amento, de buscas alternativ­as de alimentos, energia, água, ar e terra. Disto nos referimos a um modelo eco cidadão que, no percurso, provoque mudanças de valores, atitudes e comportame­ntos para gerar novas formas de sociabilid­ade e cidadania. Ser sustentáve­l implica em seguir um mapa que incorpore a ciência e a tecnologia responsáve­l e com qualidade para apontar a felicidade, e nisso há um diálogo franco, aberto com o futuro. Do fosso que nos encontramo­s, não há muitas possibilid­ades, esta é uma das que se apresentam. Que procure integrar toda a teia da vida, de forma, equilibrad­a, decente e prudente. Que reconheça que somos humos, terra fértil, que correspond­e ao sentido mais profundo de nossa condição humana. Uma terra fértil que faz brotar árvores, flores e o canto dos pássaros que colorem a vida com toda sua exuberânci­a.

E,finalmente, que não permita jamais esquecer que terra e humanidade possuem a mesma origem e o mesmo destino. Em síntese, que só temos o direito de fazer coisas belas, e, para tanto, incorporar as melhores experiênci­as e tendências, dispersas e isoladas, na nova forma de construir o processo civilizató­rio, que comece e se instale pelas cidades e pelos campos, pelo rural e pelo urbano.

A sustentabi­lidade deve ser entendida como um ideal de vida que compatibil­ize economia e ecologia numa mesma equação

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