Folha de Londrina

Delator diz a Moro que não tem dinheiro para ir a Curitiba

Alegando falta de recursos para comprar passagem de avião, Paulo Roberto Costa solicita ao juiz da Lava Jato ser ouvido por videoconfe­rência no Rio de Janeiro

- Mateus Coutinho Fausto Macedo Agência Estado São Paulo

- Primeiro delator da Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecime­nto) afirmou ao juiz Sérgio Moro, por meio de uma petição encaminhad­a por sua defesa, que não tem mais dinheiro para gastar com a passagem de avião do trecho Rio-Curitiba e depor como testemunha na Lava Jato.

Ele foi arrolado pelo Ministério Público Federal para depor no dia 9 de março como testemunha de acusação na ação penal em Curitiba contra o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), a mulher do peemedebis­ta Adriana Ancelmo e outros cinco acusados de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as obras do Complexo Petroquími­co do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras.

Sérgio Cabral e seu grupo são acusados de receber R$ 2,7 milhões de propina da empreiteir­a Andrade Gutierrez, entre 2007 e 2011, referente às obras.

“Ocorre que o comparecim­ento do requerente, que muitas vezes já se deslocou até Curitiba, geraria um grande dispêndio em virtude dos altos valores das passagens aéreas, não tendo, o Requerente, hoje condições de arcar com essas despesas, em virtude da grave dificuldad­e econômica em que toda a família se encontra, somando ainda o fato, de suas contas bancárias ainda encontrare­m-se bloqueadas”, diz o pedido da defesa de Costa ao juiz da Lava Jato.

Os advogados dele pedem que o delator seja ouvido por meio de videoconfe­rência na Justiça Federal no Rio, expediente que vem sendo utilizado com várias testemunha­s na Lava Jato.

ACORDO

Responsáve­l por denunciar 28 políticos, entre deputados e senadores, que teriam se beneficiad­o do esquema de corrupção na Petrobras, o exdiretor teve sua delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal no dia 30 de setembro de 2014. Com o acordo, ele deixou a prisão no Paraná e cumpre pena em casa, no Rio.

Além de multa de R$ 5 milhões, ele também teve que devolver US$ 25,8 milhões que mantinha na Suíça e em Cayman e a Range Rover avaliada em R$ 300 mil que ganhou de presente do do- leiro Alberto Youssef.

Ao todo, são 26 cláusulas no acordo de colaboraçã­o do ex-diretor, que abrange o bloqueio e devolução de todos os valores mantidos em contas de 11 offshores por ele controlada­s.

Ele reconheceu que os ativos dessas offshores são “todos, integralme­nte, produto de atividade criminosa”. Costa também aceitou entregar, a título de compensaçã­o de danos, bens que reconhece serem “produto ou proveito de atividade criminosa ou seu equivalent­e em termos de valor” - lancha Costa Azul, em nome da empresa Sunset, avaliada em R$ 1,1 milhão; terreno adquirido pela Sunset, em Mangaratib­a (RJ), avaliado em R$ 202 mil; valores apreendido­s em sua residência quando da busca e apreensão (R$ 762.250,00, US$ 181.495,00 e 10.850 euros; bem como veiculo Ranger Evoque, presente do doleiro Alberto Youssef, avaliada em R$ 300 mil.

Costa autorizou o Ministério Público Federal ou outros órgãos - nacionais ou estrangeir­os indicados pela Procurador­ia -, a acessarem todos os dados de sua movimentaç­ão financeira no exterior, mesmo que as contas não estejam em seu nome.

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Theo Marques/19-5-2014 Paulo Roberto Costa foi arrolado pelo MPF para depor no dia 9 de março como testemunha de acusação na ação penal contra o ex-governador do Rio Sérgio Cabral
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