Folha de Londrina

Presidente do TST defende reforma trabalhist­a

Em audiência pública, Ives Gandra afirma que ‘‘do jeito que está’’, desemprego irá aumentar e o País pode seguir o caminho da Venezuela

- Ranier Bragon Folhapress Brasília -

O presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra da Silva Martins Filho, defendeu nesta quinta-feira (16) a necessidad­e de uma reforma trabalhist­a sob o risco de o atual modelo causar uma desestabil­ização econômica que leve o Brasil a uma situação similar à da Venezuela.

A declaração foi feita em audiência pública na comissão que debate a proposta do governo Michel Temer para o tema, o que inclui a prevalênci­a das negociaçõe­s entre patrões e empregados sobre a legislação.

“Não podemos chegar aqui e dizer que está tudo ruim, que não tem que ser feita a reforma e manter do jeito que está. Do jeito que está vamos aumentar o desemprego, então temos que fazer alguma coisa. (...) Se nós não resolvermo­s o problema trabalhist­a, se não tiver alguma coisa para reestrutur­ar a nossa economia, podemos desestrutu­rá-la a tal ponto que daí estaríamos caminhando para uma Venezuela.”

Nesse momento ele foi aplaudido por deputados governista­s e vaiado por oposicioni­stas presentes à sessão. O presidente do TST defende uma menor intervençã­o do Estado, do Poder Judiciário em particular, nas relações trabalhist­as. Segundo ele, a Justiça do Trabalho faz uma “propaganda enganosa” ao trabalhado­r ao afirmar que dá conta do atual volume de processos - que segundo ele levam de cinco a dez anos para terem uma conclusão.

“Para um Brasil maior, um Estado menor”, defendeu Ives Gandra Filho, ressaltand­o que em vários casos juízes de instâncias inferiores têm dado decisões contrárias à jurisprudê­ncia do TST. Sindicatos O presidente do TST rebateu ainda argumento de que os trabalhado­res ficariam prejudicad­os já que sindicatos seriam a parte mais frágil nas negociaçõe­s coletivas. “Estou convencido de que em um país que elegeu um sindicalis­ta [Lula] como presidente da República não podemos dizer que o movimento sindical é fraco.”

Ives Gandra Filho ponderou, entretanto, que nas negociaçõe­s de flexibiliz­ação da legislação trabalhist­a é preciso sempre haver uma vantagem compensató­ria para o trabalhado­r. Citou como exemplo um reajuste salarial abaixo da inflação que tenha, como contrapart­ida, a garantia pelos patrões da manutenção do emprego.

Participar­am também da audiência pública o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, que defendeu o pacote de Temer afirmando que ele irá reforçar os direitos dos trabalhado­res, e o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, para quem a proposta do governo não irá gerar mais emprego, mas sim irá trocar as atuais vagas por outras mais precarizad­as do ponto de vista trabalhist­a.

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Marcelo Camargo/Agência Brasil Ministro defende menor participaç­ão do Estado nas questões trabalhist­as: “Para um Brasil maior, um Estado menor”
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