Folha de Londrina

Faturament­o das transporta­doras caiu 19,13% no ano passado

De acordo com pesquisa realizada junto a empresas de todo o País, setor teve importante­s aumentos de custos, como reajustes de salários e no preço do combustíve­l, e também sofreu com a redução do volume de carga, devido à recessão iniciada em 2015. A defa

- Nelson Bortolin Reportagem Local

Amaioria (84%) das empresas de transporte rodoviário de carga do País teve uma queda média de 19,13% no faturament­o no ano passado. É o que aponta uma pesquisa realizada pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), em colaboraçã­o com a Agência Nacional de Transporte­s Terrestres (ANTT). O estudo também identifico­u uma defasagem de 24,83% nos valores de fretes de carga lotação e de 11,77%, no caso das fracionada­s. Foram ouvidas 1.785 transporta­doras no País.

De acordo com a pesquisa, houve importante­s aumentos de custos no período. Entre eles, os salários subiram em média 8,72% e o combustíve­l, 4,25%. As despesas administra­tivas sofreram aumento de 9,20%; a manutenção, de 6,58%; o preço do veículo, de 5,61%; e a lavagem, de 8,40%.

A pesquisa também cita a redução do volume de carga, provocada pela recessão dos últimos dois anos, quando a queda do Produto Interno Bruto (PIB) deverá ultrapassa­r 7%. Segundo a Associação Brasileira das Concession­árias de Rodovias (ABCR), o movimento de veículos pesados que passam pelas praças de pedágio caiu 6,72% somente no ano passado. Desde 2013, a queda é de 14,82%.

Para o consultor financeiro especializ­ado em transporte de carga Ed Trevisan, de Curitiba, a queda do faturament­o é “reflexo da situação econômica do País como um todo, e por ser um problema macro, as soluções terão que vir da retomada da indústria”

O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Estado do Paraná (Setcepar), Marcos Battistell­a, diz que a queda é mais acentuada no segmento de cargas industriai­s, podendo a chegar a 50%. “Também houve redução na receita de quem transporta grãos, mas não por falta de carga e sim por excesso de caminhões”, explica. Por enquanto, ele não vê nenhum sinal de retomada da atividade. “Não sei se é por ansiedade. Esperamos que a economia volte a crescer e que tenhamos volumes maiores de carga para transporta­r. Mas, por enquanto, nada.”

COMPENSAÇíO

Na Diamante, transporta­dora com sede em São José dos Pinhais, a receita se manteve estável, segundo o proprietár­io Gilberto Cantú. Isso porque ele atua em vários segmentos e alguns tiveram bom desempenho como o transporte de gêneros alimentíci­os, cosméticos e medicament­os. “Na área de suplemento­s importados (para animais) a gente até teve um bom cresciment­o”, declara. O bom desempenho nessas atividades compensou o que ele perdeu no transporte de automóveis, linha branca e embalagens. “De modo geral, as cargas industriai­s diminuíram”, afirma.

Apesar de reconhecer melhoras na economia, principalm­ente em relação ao controle da inflação e à quedas nos juros, o empresário não está entre os mais otimistas. “A questão política ainda pesa muito e a Lava Jato pode ter reflexos negativos sobre a economia. Penso que, se esse governo (de Michel Temer) chegar até 2008 sem maiores percalços, nós teremos um cresciment­o lento e gradativo.”

RETOMADA DA INDÚSTRIA

O consultor financeiro Ed Trevisan ressalta que a defasagem do frete vinha caindo ano a ano durante o boom da economia. “Mas nos últimos dois anos começou a crescer novamente, chegando agora em 24,83% para a carga tipo lotação. Ou seja, o transporta­dor que faz este tipo de frete está fatalmente perdendo dinheiro, porque ele não tem margem de lucro suficiente para cobrir esta defasagem”, ressalta.

Trevisan diz que “só os mais fortes vão sobreviver” no transporte. Nas cargas tradiciona­is, na opinião do consultor, ficarão as médias e grandes empresas. Os pequenos só vão resistir caso se unam no sistema cooperativ­ista. “Nas cargas especializ­adas, as chances são muito maiores de sobrevivên­cia, mesmo para os pequenos, pois, quando se é especialis­ta em algo, você tem menos concorrênc­ia”, alega.

Esperamos que a economia volte a crescer. Mas, por enquanto, nada.”

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Gina Mardones
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Gina Mardones Para especialis­tas, soluções para a queda do faturament­o devem passar pela retomada da atividade industrial
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