Folha de Londrina

Governo endurece regras para manter granjas

Avicultore­s brasileiro­s têm prazo de um ano para adotar medidas contra gripe aviária

- Tássia Kastner Folhapress São Paulo –

Em uma medida para tentar evitar que a produção brasileira seja afetada pela gripe aviária, que atinge 45 países até então, o Ministério da Agricultur­a tornará mais rígidas as regras para manter granjas de frangos.

Avicultore­s serão obrigados a colocar telas nas granjas e a criar uma área de desinfecçã­o antes da área de produção. A água destinada aos animais deverá ser tratada com cloro e isolada do contato de aves silvestres e também será preciso fazer um controle mais rigoroso de infestação de ratos.

A preocupaçã­o aumentou entre os produtores depois que o Chile reportou dois casos de gripe aviária na produção de perus, em janeiro. Os registros foram na região de Valparaíso e o Brasil está na rota de aves migratória­s.

“O que aconteceu no Chile nos acendeu luz amarela”, disse o ministro da Agricultur­a, Blairo Maggi. Ele afirmou, na presença de representa­ntes do setor, em São Paulo, que todas as medidas técnicas de prevenção serão adotadas para evitar a contaminaç­ão no país.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de carne de frango e o maior exportador. No último ano, foram exportadas mais de 4 milhões de toneladas, 37% do comércio mundial da proteína. “A legislação já existe, o que está se fazendo é apertar as regras. Quem não se adaptar estará fora”, afirmou Maggi.

Produtores terão prazo de um ano para se adequar às regras, mas em nove meses terão de entrar com protocolos nas secretaria­s de agricultur­a dos Estados, para que as granjas sejam fiscalizad­as. Quem não se adequar, será impedido de negociar com a agroindúst­ria.

Hoje a produção de carne de aves no País funciona em um sistema de integração. Pequenos produtos recebem os pintinhos e a ração das grandes empresas, como BRF e JBS, e entregam o animal para abate quando estiver pronto.

Segundo Ariel Mendes, diretor de relações institucio­nais da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), cerca de 90% das granjas da BRF já cumprem as regras. Na JBS, a fatia é de 65%.

Em São Paulo, apenas 40% das granjas cumprem as regras, percentual semelhante ao registrado no Paraná e no Rio Grande do Sul. São Paulo é o maior produtor de ovos do Brasil, enquanto o Paraná é o

maior produtor de frangos.

Já os Estados do Tocantins, Goiás e Mato Grosso estão avançados no processo de telamento das granjas, com percentuai­s entre 90% e quase 100%.

DEMANDA

Segundo o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra, a gripe aviária abriu demanda de 700 mil toneladas, e uma parte poderá ser atendida pelo Brasil. Esse volume representa cancelamen­tos de contratos de exportação ou mesmo o aumento de demanda de importação de países com casos da doença, como ocorre na China.

“Os Estados Unidos perderam 16% do mercado externo”, exemplific­ou Turra. A preocupaçã­o dos produtores e também do governo é que uma eventual chegada da doença ao País possa trazer prejuízos à produção. Segundo Turra, o PIB da avicultura é de R$ 80 bilhões. “Não consigo dimensiona­r [o prejuízo]”, completou.

INVESTIMEN­TOS

Governo e associação não souberam estimar quanto precisará ser investido para que todas as granjas se adequem às novas regras. O custo será pago pelos pequenos produtores, donos das granjas. A tendência, no entanto, é que as agroindúst­rias ajudem no financiame­nto ao investimen­to, antecipand­o pagamentos aos produtos, afirmou

Mendes. Maggi acrescento­u que o Plano Safra conta com a linha de crédito Inovar, com taxas de juros mais baixas, para investimen­tos.

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