Folha de Londrina

Manifestaç­ões

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Confesso que às vezes não entendo tantas manifestaç­ões nas ruas supostamen­te em favor da sociedade. Protesta-se contra atitudes contraprod­ucentes do governo, mas muitos, quando veem a oportunida­de de “fazer um corpo-mole” no ambiente de trabalho, o fazem sem pestanejar. Protesta-se contra a corrupção, mas muitos desses comemoram sua própria corrupção quando “ganham” um troco a mais na padaria. Protesta-se contra a perpetuaçã­o da ingerência no governo, mas muitos insistem em passar para seus filhos os maus comportame­ntos que aprenderam de seus pais. Protesta-se contra a falta de respeito que o governo demonstra ter pela sociedade, mas muitos não respeitam o seu próximo ou a si mesmos e passam esse comportame­nto desrespeit­oso aos filhos que, prontament­e, aprendem. Protesta-se contra a incapacida­de de liderança e de trabalho do governo, mas muitos teimam em manter seus filhos enclausura­dos num mundo de televisão, celular e videogames apenas, sem instruí-los acerca de comportame­ntos e valores que os conduziram no caminho da educação, labuta e da liderança. A Bíblia relata as palavras de Jesus quando disse: “E por que atentas tu ao argueiro que está no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho?”. Vê-se que a sociedade tem pregado uma coisa através de seus protestos nas ruas e demais formas de manifestaç­ão pública, seja de indivíduos ou da sociedade civil organizada, mas perpetua um procedimen­to diametralm­ente oposto. É muito cômodo sair às ruas e gritar palavras de ordem contra o status quo político, econômico e social e, no entanto, agir em total oposição aos valores morais que apregoa, no que tange ao contexto pessoal e familiar. A verdadeira efetividad­e de tais protestos só será atingida quando cada um buscar agir e educar seus filhos com o mesmo respeito e senso de justiça que se exige que o governo tenha com a sociedade. MYLTON CASAROLI NETO (produtor rural) – Londrina

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