Deputados também ‘cruzam os braços’
Em dia de paralisação nacional, sessão na AL começa com apenas dez parlamentares presentes e dura menos de dez minutos
Curitiba - No dia em que trabalhadores de todo o País saíram às ruas para protestar contra as reformas trabalhista e da previdência, a maioria dos 54 deputados estaduais do Paraná também “cruzou os braços”. Quando a sessão dessa quarta-feira (15) começou, às 14h35, apenas dez parlamentares estavam em plenário. A reunião acabou menos de dez minutos depois, às 14h44, já com 16 presentes.
Houve tempo somente para a leitura da ata da plenária anterior e de um ofício do gabinete de vice-governadora, Cida Borghetti (PP), informando que ela estará fora do Brasil entre 16 e 23 de março (o comunicado à AL é uma exigência legal). De acordo com o documento, a viagem não acarretará em custos para o Estado. O destino não foi divulgado.
Como ninguém se inscreveu para discursar nem no pequeno, nem no grande expediente ou no horário das lideranças, o presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB), precisou dar início à votação da pauta. Diante da falta de quórum - são necessários 28 deputados (metade mais um) –, a sessão foi então derrubada.
“Não sei o que aconteceu. Eu estava presente. Indepen- de da nossa vontade”, disse Hussein Bakri (PSD). “Eu tinha requerimentos para votar e infelizmente não consegui”, lamentou o líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PSB). “O pessoal não compareceu, né... Talvez tenha a ver com todo o movimento que está aí. Eu, como sempre, estou aqui desde cedinho”, acrescentou Tercilio Turini (PPS). que os que estão nas ruas hoje são os que afundaram o Brasil. Tem de se dar tempo e credibilidade a quem está no poder. As reformas são fundamentais e necessárias”, opinou Traiano.
Tanto Romanelli como o líder da oposição, Tadeu Veneri (PT), contudo, contaram que são favoráveis às manifestações. “É necessário discutir a questão da previdência, mas não essa reforma, que é uma grande supressão aos direitos dos trabalhadores. O País tem de fazer uma grande mobilização sim, pois o atual governo (de Michel Temer) é um governo anti-povo, que não pensa nas políticas públicas estruturantes para superar as desigualdades”, comentou o político do PSB.
Para Veneri, as mobilizações são absolutamente necessárias. “Os deputados federais e senadores estão hoje numa situação muito confortável. Eles têm uma maioria, num processo de quase terra arrasada no Brasil, com economia em queda livre e política sacrificada (...) Não é possível alguém que se aposente com R$ 20 mil e oito anos de mandato achar natural que outro alguém, por não ser deputado, senador, juiz, promotor ou desembargador, ter de trabalhar até os 70 anos”, completou.
PROTESTOS “Entendo que o Brasil mudou e nós não podemos estar na contramão da história. Países europeus passaram por esse processo quando se imaginava uma solidez absoluta da economia (...) Lamento