Reforma da Previdência
Existe no Brasil uma enorme gama de privilégios que precisam acabar. Férias de 60 dias por ano para toda magistratura e promotoria (com acréscimo de 1/3 nas duas férias), acumuladas com o recesso de fim de ano; gastos estratosféricos com salários de vereadores, deputados e senadores e para a quantidade exorbitante de assessores a que têm direito; aposentadorias nababescas para algumas castas do serviço público e representantes das classes políticas; licitações superfaturadas e de execução mal fiscalizada em quase todas as esferas; carros, jatinhos e luxo para políticos bancados pelos bilhões do fundo partidário, que mal é fiscalizado; privilégios e luxos para presidente, ministros, governadores, secretários e muitos prefeitos; governadores, senadores e outros políticos que se aposentam precocemente com valores estratosféricos; aposentadorias igualmente estratosféricas para esposas de ocupantes dos mesmos cargos, por onde passaram mesmo que por poucos meses; desrespeito desbragado ao teto constitucional salarial por milhares de servidores que parecem estar acima da lei; dentre tantos outros inúmeros e indecentes privilégios.
Se está faltando dinheiro para fechar as contas do País, será que a prioridade não é cortar ESTE tipo de gasto?
A Previdência tem uma questão real que é o envelhecimento da população. Mas, será justo mexer na aposentadoria de salário mínimo, do trabalhador braçal, do aposentado rural, do homem que pegou enxada, tudo isso ANTES de mexer nos privilégios acima?
A partir do momento em que tivermos enxugado as despesas de fato enxugáveis, que não vão representar qualquer injustiça ou dificuldades para os interessados, de privilégios que equivalem a várias vezes a aposentadoria mirrada dos milhões que recebem pela Previdência, então acho que será hora de sentar na mesa e conversar sobre este outro deficit.
Ou o certo é começar apertando o cinto do menor, deixando completamente largos os cintos dos maiores?
Não é o que defenderia nem neste nem em qualquer outro tema de interesse do País e isso nada tem a ver com o clima de conflagração política que vivemos, da direita x esquerda, PT x PSDB, do fora Temer, nem nada disso.
Tem a ver simplesmente com uma noção mínima do que é decência e justiça! FÁBIO CAVAZOTTI é jornalista em Londrina