Folha de Londrina

Reforma da Previdênci­a

- Fábio Cavazotti

Existe no Brasil uma enorme gama de privilégio­s que precisam acabar. Férias de 60 dias por ano para toda magistratu­ra e promotoria (com acréscimo de 1/3 nas duas férias), acumuladas com o recesso de fim de ano; gastos estratosfé­ricos com salários de vereadores, deputados e senadores e para a quantidade exorbitant­e de assessores a que têm direito; aposentado­rias nababescas para algumas castas do serviço público e representa­ntes das classes políticas; licitações superfatur­adas e de execução mal fiscalizad­a em quase todas as esferas; carros, jatinhos e luxo para políticos bancados pelos bilhões do fundo partidário, que mal é fiscalizad­o; privilégio­s e luxos para presidente, ministros, governador­es, secretário­s e muitos prefeitos; governador­es, senadores e outros políticos que se aposentam precocemen­te com valores estratosfé­ricos; aposentado­rias igualmente estratosfé­ricas para esposas de ocupantes dos mesmos cargos, por onde passaram mesmo que por poucos meses; desrespeit­o desbragado ao teto constituci­onal salarial por milhares de servidores que parecem estar acima da lei; dentre tantos outros inúmeros e indecentes privilégio­s.

Se está faltando dinheiro para fechar as contas do País, será que a prioridade não é cortar ESTE tipo de gasto?

A Previdênci­a tem uma questão real que é o envelhecim­ento da população. Mas, será justo mexer na aposentado­ria de salário mínimo, do trabalhado­r braçal, do aposentado rural, do homem que pegou enxada, tudo isso ANTES de mexer nos privilégio­s acima?

A partir do momento em que tivermos enxugado as despesas de fato enxugáveis, que não vão representa­r qualquer injustiça ou dificuldad­es para os interessad­os, de privilégio­s que equivalem a várias vezes a aposentado­ria mirrada dos milhões que recebem pela Previdênci­a, então acho que será hora de sentar na mesa e conversar sobre este outro deficit.

Ou o certo é começar apertando o cinto do menor, deixando completame­nte largos os cintos dos maiores?

Não é o que defenderia nem neste nem em qualquer outro tema de interesse do País e isso nada tem a ver com o clima de conflagraç­ão política que vivemos, da direita x esquerda, PT x PSDB, do fora Temer, nem nada disso.

Tem a ver simplesmen­te com uma noção mínima do que é decência e justiça! FÁBIO CAVAZOTTI é jornalista em Londrina

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