Vergonha para Londrina
O cancelamento dos 82 projetos do Promic para 2017 é profundamente prejudicial para Londrina. A nova administração municipal decidiu pelo cancelamento sumário do edital, alegando atender a uma lei federal que traz normas novas. Ora, graças à Lava Jato e ao impeachment, nós, brasileiros, aprendemos que as leis comportam diferentes interpretações, e no caso do Promic, trata-se nitidamente de uma situação de transição, devido à mudança nas normas. Além disso, existe o interesse de natureza social – o cancelamento atingiu milhares de pessoas, a maioria delas crianças pobres. Decidi escrever esta carta ao ler na FOLHA que o atual procurador do município, o mesmo que condenou o Promic por contrariedade às normas, agora nega-se a cumprir a norma de assinar o ponto de presença. Isso leva a crer que, se a atual e a anterior administração pertencessem ao mesmo grupo político, em vez do cancelamento lesivo, teria sido buscada alguma forma de conciliar a dita lei com a continuidade dos projetos. A ausência de uma defesa efetiva do Promic pelo próprio secretário de Cultura e pelo conselho municipal da área parece indicar que ainda não existe na sociedade a consciência do real valor da cultura e especialmente do seu papel principal, que é o da criação da identidade de Londrina como capital cultural do Norte do Paraná. Ao contrário da economia, nossa cultura vem crescendo tanto que já mudou de importadora das grandes capitais para exportadora de eventos e talentos. Além dos projetos apoiados pelo Promic, há outras numerosas e significativas expressões culturais, das quais lembrarei apenas três: o Museu Histórico Padre Carlos Weiss, a Academia de Letras, Artes e Ciências de Londrina e o Espaço de Cinema Aeroporto. São exemplos da tenacidade que, desde os tempos dos pioneiros, é própria da nossa gente. LAURO DE CASTRO BELTRÃO (médico) – Londrina