Folha de Londrina

Ato de Maia prevê atalho para aprovar reforma

- Ranier Bragon e Laís Alegretti Folhapress

O pacote de reformulaç­ão da legislação trabalhist­a, que dá a acordos maior peso do que a lei e permite o parcelamen­to de férias, entre outros pontos, pode ser aprovado sem a necessidad­e de ser votado pelo plenário da Câmara, de acordo com decisão atualmente em vigor da presidênci­a da Casa. Despacho técnico assinado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estabelece que a reforma tramite só na comissão especial que discute o tema, formada por 37 dos 513 deputados. Com isso, bastaria a aprovação da comissão para que o tema seguisse para o Senado, sem a necessidad­e do crivo dos outros 476 deputados.

Essa tramitação “enxuta” é reservada a projetos bem mais simples, que não se enquadram em artigos do regimento interno da Câmara que exigem votação em plenário. O PDT questionou Maia, pedindo formalment­e que a reforma trabalhist­a passe pelo plenário, mas o deputado manteve sua decisão.

Em fevereiro, o STF barrou a tentativa do Senado de enviar para sanção presidenci­al o projeto de lei que muda as regras de telecomuni­cação, que havia sido aprovado de forma conclusiva em comissões, sem passar pelo plenário da Casa.

Procurado, Mais disse que regimental­mente não poderia revogar a tramitação “enxuta”, pois, na visão de sua área técnica, o pacote de reforma trabalhist­a não se encaixa no rol dos que necessitam do plenário.

Maia afirmou, no entanto, que não há hipótese de a reforma ser enviada ao Senado sem a deliberaçã­o do plenário da Casa. “Eu vou levar a plenário de qualquer jeito. A nossa decisão foi indeferir o pedido do PDT, em respeito à regra [do regimento], mas fazer um acordo político para votar a reforma no plenário.”

A oposição discorda da decisão formal de Maia - que defende a proposta de Temer e já disse que a Justiça do Trabalho não deveria nem existir - e aponta tentativa da base governista de aprovar as alterações trabalhist­as a jato, aproveitan­do que as atenções estão mais voltadas à reforma da Previdênci­a.

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