Folha de Londrina

EXPANSÃO

Com o preço como chamariz, lojas do gênero se multiplica­m pelo País; dados, de 2016, foram revelados por entidade do setor com base em números de associadas

- Mie Francine Chiba Reportagem Local

Faturament­o das farmácias populares teve cresciment­o de 83,4% no País no ano passado, segundo associação do setor. Também houve evolução no número de estabeleci­mentos. Preço é principal atrativo

Há três ou quatro anos, tornou-se comum ver farmácias que têm no nome a palavra “popular”. São as farmácias populares, que segundo a Associação Multimarca­s de Farmácias (Farmarcas), entidade formada por oito redes de farmácias do País, faturaram R$ 683 milhões no ano passado, com cresciment­o de 83,4% em relação ao ano anterior. Em 2015, o faturament­o foi de R$ 372,5 milhões.

O levantamen­to da entidade levou em consideraç­ão 417 lojas das três redes de farmácias populares associadas à Farmarcas. O faturament­o dessas redes em 2016 correspond­eu a 70% do montante relativo a todas as redes associadas. Houve cresciment­o também no número de estabeleci­mentos, que saltou de 255 no início de 2016 para 402 no final do ano.

Ângelo Vieira, diretor operaciona­l da entidade, explica que as farmácias populares não necessaria­mente estão ligadas ao programa do governo federal, que leva o mesmo nome. As farmácias populares seriam um modelo de estabeleci­mentos que têm como principal caracterís­tica a venda de medicament­os pelo menor preço possível.

O Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuti­cos do Estado do Paraná (Sindifarma PR) reconhece que farmácias com a proposta de vender medicament­os com preços mais baixos estão se estabelece­ndo no mercado. “É um estilo de comerciali­zação. Tudo é uma condição de mercado, uma questão comercial. Cada um articula para um lado”, comenta Edenir Zandoná Júnior, presidente da entidade.

Na visão dele, as farmácias populares surgiram com a proposta de vender genéricos mais baratos, mas agora passam a oferecer outros tipos de produtos com vistas a se manterem no mercado. “Comercialm­ente, só genérico não tem sustentaçã­o. Tem que ter rentabilid­ade para conseguir se manter.”

No caso das farmácias populares associadas à Farmarcas, Vieira afirma que o foco são os genéricos, que costumam ser mais baratos. Mas como mesmo entre esses produtos há variação de preços, estabeleci­mentos da associação oferecem todos os tipos de medicament­os, bem como outros itens.

O preço mais competitiv­o é conquistad­o através de um poder maior de negociação devido ao maior volume de estabeleci­mentos associados, de um trabalho de gestão de custos que busca reduzir o máximo possível as despesas operaciona­is dos estabeleci­mentos, diz o diretor operaciona­l. “Não é uma fórmula milagrosa.” Para manter os custos operaciona­is baixos e oferecer remédios mais baratos, as farmácias populares não têm foco em produtos cosméticos ou em medicament­os para doenças muito específica­s, por exemplo. Também não têm vendas na internet, serviço de entrega ou plantões de atendiment­o. “São coisas que inflam o custo operaciona­l.”

“(Essas medidas) São cuidados relacionad­os à gestão que fazem que as farmácias consigam ter uma economia muito grande dos custos e transforma­r isso em condições comerciais para o cliente”, continua o diretor. “Estes custos são cerca de 10% inferiores aos de uma farmácia convencion­al, percentual que é repassado in- tegralment­e ao preço para o consumidor.” Ele alerta, entretanto, que muitas farmácias têm o “popular” no nome, mas nem sempre trabalham com preços realmente baixos. Para evitar enganos, ele recomenda ao consumidor pesquisar.

MAIS BARATO O apelo do preço é o que parece levar os consumidor­es às farmácias populares. Em um desses estabeleci­mentos da cidade, o atendiment­o é feito com senhas. Em uma quinta-feira à tarde, cerca de uma dezena de pessoas aguardava atendiment­o sentada nas cadeiras que tomam a parte da frente do estabeleci­mento. Claudemir Justino dos Santos, carpinteir­o, foi buscar o remédio para diabetes da mãe, que nem sempre encontra no posto de saúde. De dez em dez dias, em média, ele conta que precisa sair em busca do medicament­o e sempre faz compras no mesmo local. “O preço é bem mais barato que o normal.” Sempre que precisa de um medicament­o, a atendente Luzia Basques Gomes também diz dar preferênci­a àquela mesma farmácia. “É mais barato.”

Associação reúne 417 lojas em três redes em todo o País; faturament­o cresceu 83% no ano passado

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Fotos: Fábio Alcover O carpinteir­o Claudemir Justino dos Santos vai a farmácia de 10 em 10 dias
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Luzia Basques Gomes também prefere a popular: “É mais barato”

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