Folha de Londrina

Prefeitura usou receitas vinculadas para fechar contas

- Loriane Comeli Reportagem Local

O Fundo Municipal de Saneamento Básico, criado em 2016 para receber recursos decorrente do novo contrato entre a Sanepar e a Prefeitura de Londrina, não aplicou um centavo em ações na área ambiental ou de saneamento, mas, aproximada­mente um terço do seu valor inicial já foi gasto. No final do ano passado, a administra­ção do exprefeito Alexandre Kireeff (PSD), retirou R$ 7,9 milhões do fundo para completar a folha de pagamento de dezembro. E tal saque não teve aval do Conselho de Saneamento, que administra o fundo.

Porém, a administra­ção não cometeu qualquer ilegalidad­e. O saque estava autorizado pela Emenda Constituci­onal 93/2016, aprovada em 8 de setembro do ano passado, retroativa ao começo do ano. A emenda prevê a desvincula­ção dos recursos de estados e municípios (Drem), a exemplo do que era permitido para a União, pela Dru. Assim, até 2023, prefeitura­s e governos estaduais podem usar até 30% dos recursos vinculados a fundos como recursos livres. No caso da Prefeitura de Londrina, R$ 20.042.663,56 foram retirados de várias contas para a folha de pagamento.

Além do fundo de saneamento, os fundos utilizados foram o de Reequipame­nto do Corpo de Bombeiro (Funrebom), com R$ 1.4 milhão; o de iluminação pública (Cosip), com R$ 9,9 milhões; o das taxas de inscrição em concursos públicos (R$ 400 mil); o do Procon (R$ 281 mil); do Meio Ambiente (R$ 59 mil); e outros royalties (R$ 21 mil). Estes valores não voltam mais aos fundos dos quais foram retirados.

O secretário de Fazenda, Edson de Souza, que é servidor público e trabalhava na Secretaria de Planejamen­to em 2016, disse que a administra­ção anterior não tinha a intenção de usar os recursos vinculados, mas, a dificuldad­e de fechar as contas se impôs. “Sem isso e sem outras circunstân­cias não seria possível pagar os salários. A administra­ção tentou não usar esses recursos”, comentou. “Esta emenda foi aprovada justamente em razão da crise porque muitas prefeitura­s e governos não fechariam as contas, não pagariam salários sem esses recursos.”

Como a emenda é de 2016, esta foi a primeira vez que a Prefeitura utilizou os recursos vinculados para despesas ordinárias. Porém, poderá não ser a última, uma vez que a emenda permite o manejo até 2023 e a crise permanece. “A intenção é não utilizar. Só vamos utilizar se realmente for necessário”, disse Souza. A atual administra­ção trabalha com perspectiv­a de deficit de mais de R$ 100 milhões para este ano.

SANEAMENTO

O Conselho de Saneamento, desde sua criação, aprovou R$ 2.047.363 em obras ambientais ou ligadas a saneamento: são R$ 612,1 mil para galerias em trechos da Avenida Guilherme de Almeida (zona sul); R$ 825 mil para galerias na Winston Churchill (zona norte); R$ 295,4 para a reconstruç­ão da ponte na Avenida Charles Lindemberg (zona leste) e R$ 314,7 para problemas de erosão também na Charles Lindemberg, nas proximidad­es do Parque Arthur Thomas.

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