Folha de Londrina

Jogo virtual já motivou nove atendiment­os de adolescent­es em serviços de saúde no Paraná

- Pedro Marconi Reportagem Local

Um jogo virtual é motivo de preocupaçã­o em várias partes do Brasil. Conhecido como Baleia Azul, o viral é disputado pelas redes sociais e propõe 50 desafios macabros a jovens e adolescent­es, como registrar fotos assistindo filmes de terror, automutila­ção, ficar doente e, na etapa final, tirar a própria vida. O jogo surgiu na Rússia, em 2015, e está associado a uma série de suicídios ao redor do mundo, inclusive no Brasil.

No Paraná, as autoridade­s estão em alerta com a situação. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) informou que já foram identifica­dos nove casos suspeitos de adolescent­es que cumpriram desafios do jogo e deram entrada nos serviços de saúde com sinais de automutila­ção e outros ferimentos. São sete ocorrência­s em Curitiba e duas na região de Campo Mourão (Centro-Oeste). Outros casos são investigad­os.

Um determinaç­ão foi enviada a hospitais, prontossoc­orros e unidades de saúde nesta quarta-feira (19) solicita que os profission­ais redobrem atenção a ocorrência­s de automutila­ção e uso inadequado de medicament­os por parte de crianças e adolescent­es. Uma nota técnica também está sendo elaborada pela secretaria para orientar a conduta dos servidores da área de saúde frente a este tipo de situação.

Segundo Juliano Schmidt Gevaerd, superinten­dente de Atenção à Saúde da Sesa, os recentes casos registrado­s no Paraná são vistos pelo poder público com preocupaçã­o. “Estamos adotando medidas para que primeiro sejam difundidas informaçõe­s e orientaçõe­s sobre o contexto. Os funcionári­os de saúde também estão sendo instruídos para que façam o atendiment­o e posteriorm­ente registrem o caso”, explicou.

Uma reunião com a Secretaria de Educação está programada para esta quinta-feira (20), inclusive com a presença de representa­ntes do Ministério Público (MP), para traçar estratégia­s para combate à prática com alunos da rede pública.

Gevaerd afirmou que pais e familiares devem ficar atentos às redes sociais e às atitudes dos filhos para prevenirem situações mais graves. “Existem alguns sinais que os familiares devem ficar atentos como o isolamento social, o uso de roupas incomuns, verbalizaç­ão no sentido de querer morrer, a mostra de desapego a objetos ou pessoas, o desinteres­se e o medo repentino”, informou.

Por meio da Agência Estadual de Notícias, o secretário da Segurança Pública e Administra­ção Penitenciá­ria, Wagner Mesquita, anunciou a criação de uma força-tarefa para investigar casos de jovens que procuraram assistênci­a hospitalar nos últimos dias por conta de atos de automutila­ção. Os trabalhos envolvem o Núcleo de Proteção a Criança e ao Adolescent­e Vítimas

de Crime (Nucria), que vai fazer o primeiro atendiment­o, o Núcleo de Combate aos Cibercrime­s (Nuciber) e o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). A formalizaç­ão de inquéritos ficará a cargo da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). “O trabalho da polícia é identifica­r e responsabi­lizar indivíduos que possam estar recrutando jovens e administra­ndo jogos por redes sociais, incitando ao suicídio”, disse.

LONDRINA Em Londrina, não houve registros de casos suspeitos de jovens que tenham participad­o do jogo. De acordo com o secretário municipal da Saúde, Felipe Machado, os servidores já foram comunicado­s

sobre os últimos ocorridos no Estado em relação ao jogo. Além disso, ações educativas estão programada­s para as unidades básicas de saúde e o Centro de Atenção Psicossoci­al (Caps) Infantil. “É uma situação nova e estamos agindo com foco na prevenção para que Londrina não registe casos deste tipo”, garantiu.

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