Candidatos e professores avaliam mudanças no Enem
Pela primeira vez, prova será aplicada em dois domingos; resultado não vale como certificado de conclusão do ensino médio
Provas em dois domingos, aumento na taxa de inscrição e o fim da certificação do ensino médio por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) estão entre as mudanças anunciadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para a edição de 2017. De acordo com o instituto, as alterações foram estabelecidas com base em uma consulta pública realizada no início do ano.
Os candidatos farão a prova em dois domingos consecutivos. Antes a primeira parte do exame era realizada no sábado e a segunda, já no dia seguinte. A estudante Isabela Sanches, de 19 anos, participou da consulta pública promovida pelo Inep e gostou da alteração das datas. “Com essa divisão, a gente consegue se preparar melhor e não fica tão exaustivo. Vamos ter uma semana a mais para nos preparar psicologicamente e até rever alguns conteúdos”, comenta.
A preocupação de alguns estudantes agora é com as datas dos vestibulares. “Vamos esperar. Se a prova do vestibular for marcada bem antes do Enem teremos menos tempo para estudar, mas também era muito cansativo fazer tudo em dois dias seguidos. Apesar das questões não serem muito complexas, era muita questão para resolver, além da redação”, avalia o estudante Kennedy Alves, de 19 anos.
Os candidatos aos vestibulares se inscrevem também para a prova do Enem, vista como mais uma possibilidade para ingresso nas universidades. As datas do Enem já estão definidas. As provas serão aplicadas nos dias 5 e 12 de novembro. No primeiro dia, os inscritos responderão questões de Linguagens, códigos e suas tecnologias; Ciências humanas e suas tecnologias e Redação. A prova terá cinco horas e meia de duração. Uma semana depois, no dia 12, os estudantes responderão perguntas relacionadas aos conteúdos de Ciências da natureza e suas tecnologias e Matemática e suas tecnologias. O segundo dia de prova terá duração de quatro horas e meia.
Para o professor e estudante de Ciências Biológicas Fábio Augusto Joinhas, que leciona no cursinho da Universidade Estadual de Londrina (UEL), a mudança pode prejudicar os alunos que vivem em regiões afastadas dos locais de prova. “Aqui no Paraná e no Estado de São Paulo isso não ocorre com tanta frequência, mas no Norte e Nordeste do País os estudantes têm que se locomover por grandes distâncias e muitos vão ter dificuldades para fazer o percurso por duas semanas seguidas”, pondera.
Já o valor da taxa de inscrição aumentou de R$ 68 para R$ 82. A justificativa para o reajuste foi a correção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Estudantes de escolas públicas que estão concluindo o ensino médio estão isentos do pagamento. Outros participantes cujas famílias possuem baixa renda e estão inscritas no CadÚnico do governo federal também poderão solicitar a isenção da taxa. Os critérios estão disponíveis no site do Inep.
Ao todo são esperados mais de 7,5 milhões de inscritos. Para aumentar a segurança da prova e evitar vazamentos dos conteúdos, os cadernos de questões terão o nome e o número de inscrição de cada participante. Outra alteração feita pelo Inep é que, a partir de agora, os estudantes não vão conseguir o certificado de conclusão do ensino médio por meio do Enem. A certificação só será obtida por meio do Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). Antes, os inscritos que acertassem 450 pontos em cada uma das áreas de conhecimento e 500 pontos na redação poderiam receber o certificado. As notas da redação vão de 0 a 1.000. Já a variação de pontos das disciplinas depende da quantidade de erros e acertos dos demais alunos e da dificuldade das questões.
“Obter o certificado do ensino médio por meio do Enem era visto quase como uma ‘muleta’ para aqueles alunos que não iam bem na escola e já pensavam que não precisariam estudar os três anos. Embora a ideia inicial não fosse essa, era o que estava acontecendo. Dois dias de prova não podem qualificar o aluno como os três anos em que ele frequenta uma escola. Lá é uma avaliação cotidiana”, ressalta o professor de matemática do Sigma Curso Pré-vestibular e Ensino Médio, Danilo Ordoni.
Obter o certificado do ensino médio por meio do Enem era visto quase como uma ‘muleta’” muito elitista porque, nesse caso, o que vai acontecer com os alunos da escola pública? Os que têm dificuldade em algumas matérias não vão nem se inscrever”, alerta a Coordenadora do Curso Pré-Vestibular da UEL e professora de Língua Portuguesa, Rita de Cássia Oliveira.
As alterações como um todo são acompanhadas com atenção pelos professores e alunos. “As provas do Enem têm subido o nível de exigência de forma gradativa, mas também não podemos esquecer que nós precisamos incluir o aluno que tem mais necessidade educacional. A gente tem que cuidar para que essa prova não se torne
VESTIBULAR
A Coordenadoria de Processos Seletivos (Cops) da UEL aguardava a divulgação das datas do Enem para definir o calendário do vestibular, que deve ser anunciado nos próximos dias. “Já estamos na primeira etapa de elaboração da prova”, conta a coordenadora da Cops, Cristiane Medina. No ano passado, a 1ª fase da UEL foi realizada no dia 23 de outubro, mesma data da 1ª fase do vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
As inscrições para o Enem serão realizadas entre os dias 8 e 19 de maio no site enem. inep.gov.br.