Folha de Londrina

Repressão não é a melhor saída

- Celso Felizardo Reportagem Local

O psicólogo Luciano Bugalski, membro da Comissão de Psicologia Clínica do Conselho Regional de Psicologia do Paraná, avalia que a repressão contra o agressor não é a solução mais indicada no enfrentame­nto ao bullying. “O adolescent­e vive um momento de contestaçã­o. Ele não se enxerga como criança, nem como adulto e procura a autoafirma­ção. Para isso, muitos vezes comete o bullying”, analisa.

Bugalski ressalta que a repressão pode ter o efeito contrário e estimular o jovem a desenvolve­r um perfil ainda mais agressivo. “O adolescent­e tem pouco repertório de vida e não sabe lidar com determinad­as situações. O que a escola e a família devem fazer é valorizar o que há de positivo e estimular a criação dessa bagagem”, orienta.

De acordo com o levantamen­to do Pisa, pais e professore­s têm papel importante no bem-estar dos estudantes. Estudantes que têm pais interessad­os nas atividades escolares são 2,5 vezes mais propensos a estar entre as notas mais altas da escola e 1,9 vezes a estar muito satisfeito­s com a vida.

Com o apoio dos pais e responsáve­is, os estudantes também têm duas vezes menos chance de se sentir sozinhos na escola e são 3,4 vezes menos propensos a estar insatisfei­tos com a vida. “A formação familiar que estimula valores como a empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro, e a compreensã­o são fundamenta­is. Ainda que o bullying não desapareça, ele pode ser amenizado”, argumenta o psicólogo.

“Não há como se reagir ao bullying, pois a vítima é atingida em sua vulnerabil­idade, um perfil que geralmente foge ao convencion­al, ao mais aceito pela sociedade. Por isso a importânci­a da ajuda. Quem bate esquece, mas quem apanha não. E esses danos psicológic­os podem ser profundos”, diz.

A participaç­ão dos professore­s também é importante. Estudantes que recebem apoio e suporte dos professore­s em sala de aula são 1,9 vezes mais propensos a sentir que pertencem à escola do que aqueles que não têm esse apoio. Aqueles que percebem que os professore­s são injustos com eles têm 1,8 vezes mais chances de se sentir excluídos na escola.

(Com Agência Brasil)

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil