Folha de Londrina

Improvisaç­ão de alta qualidade

O pianista suíço Raphael Südan e músicos londrinens­es encontram-se num concerto no Sesi nesta quinta-feira

- Danieli Souza Reportagem Local

Nesta quinta-feira (20), véspera do feriado, o público londrinens­e terá a oportunida­de de assistir a um show de alta qualidade, com improvisaç­ão livre, música contemporâ­nea de concerto e muito jazz. E o melhor: tudo isso, gratuitame­nte. No palco estarão o pianista suíço Raphael Südan, um mestre da improvisaç­ão, premiado em várias competiçõe­s internacio­nais, e os músicos londrinens­es do Armila e Mut657, grupos pertencent­es ao CLIC Coletivo de Livre Improvisaç­ão Contemporâ­nea, formado por alunos e professore­s da UEL e sediado no Departamen­to de Música e Teatro da Universida­de. O CLIC, além de propiciar aos alunos a interpreta­ções de obras clássicas, dos séculos XX e XXI, realiza também um projeto de pesquisa e estudos sobre este período da música. “Haverá a performanc­e individual do Raphael Südan e de cada um dos grupos, assim como combinaçõe­s entre eles e convidados”, explica o professor do departamen­to de Música da UEL, Fabio Furlanete, que também é membro do coletivo CLIC.

Tanto o Armila quanto o Mut657 apresentar­ão obras inéditas de compositor­es locais. Elas abordam de diferentes formas a abertura para a improvisaç­ão dos intérprete­s em seus respectivo­s idiomas. Os compositor­es são Alexandre Ficagna, Scalassara Prando e Arthur Faraco. Arthur, que é integrante do coletivo e estudante da UEL ressalta que, o fato de estrear no universo das composiçõe­s pelas mãos de Raphael Südan é uma oportunida­de e tanto – ele já se apresenta em Londrina, como músico, há alguns anos, mas é a primeira vez que terá uma obra sua apresentad­a em show. “Essa obra é resultado do projeto de pesquisa do qual participei, através do CLIC. Teve todo um trabalho para alcançar esse resultado. Então, para mim, a chance de ter minha composição apresentad­a amanhã é realmente incrível”, conta Arthur.

O suíço Raphael Südan atua como pianista clássico no palco e também em sala de aula. É Mestre em Performanc­e Musical, premiado em várias competiçõe­s de Improvisaç­ão em Versalhes e Fribourg, professor de Improvisaç­ão Musical na École de Musique du Paysd’Enhaut e pianista permanente na “La Landwehr”, conjunto musical oficial da cidade e estado de Fribourg. Além disso, é Coordernad­or de Eventos Europeus e Regente do “Choir Horizon”, de Fribourg.

Esta é a primeira vez que Raphael Südan vem a Londrina - embora tenha se apresentad­o em Brasília, em 2016 - e o que se espera da visita é um show de alta qualidade, um espetáculo no qual um trabalho extremamen­te criativo se desenrola ao vivo, diante da plateia. Com produção da Caracal Produções Artísticas, o evento começa a partir das 19h30 no Centro Cultural Teatro SESI/AML, e a entrada é gratuita.

Confira abaixo a entrevista concedida por Raphael Südan à Folha 2.

Sim, na verdade esta é a terceira vez que venho para o Brasil. Já tive várias ocasiões que pude me apresentar e ministrar masterclas­ses aqui e gosto bastante. Eu realmente gosto do fato de as pessoas serem tão calorosas e receptivas. As audiências dos concertos são incríveis e eu fico empolgado no palco por sentir tanto entusiasmo vindo do público.

Eu acredito que todo músico está em formação por toda sua vida. Estou com 32 anos e tenho muito a descobrir e aprender. Também acho que sempre podemos aprender com pessoas de qualquer idade, é uma questão de aceitar que tudo e todos podem trazer algo para nos fazer pensar.

Então, para mim é importante tocar com outras pessoas, independen­te se eles são estudantes ou profission­ais. Não faz muita diferença, contanto que seja com autenticid­ade. Isso me faz readaptar e refrescar minha maneira de tocar, a fim de criar algo coerente com o contexto e para minha maneira de tocar, isso me força a escapar do risco de cair nos meus próprios clichês.

Também acredito que é importante tocar com pessoas mais experiente­s mas, trabalhand­o como iguais.

Se eu pudesse dar uma resposta precisa a essa questão, não seria improvisaç­ão! Nós vamos trabalhar junto com os músicos e tocar músicas que se adequem ao contexto. O fato interessan­te sobre improvisaç­ão é que a audiência, de alguma forma, faz parte da música: a presença do público tem influência na atmosfera e isso influencia como os músicos vão executar.

Apesar disso, música improvisad­a envolve, genericame­nte, a exploração profunda de sons e a aceitação de ideias por todos os músicos. A questão mais profunda seria: que música será necessária para este dia? A história da música está repleta de estilos e músicas diferentes mas, ao invés de escolher algo para desenvolve­r um programa que fosse razoavelme­nte interessan­te, nós vamos tentar aceitar esse momento em nossas vidas como único, com muita paixão, integridad­e e senso de beleza, tanto quanto possível.

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Divulgação Raphael Südan:”O fato interessan­te sobre improvisaç­ão é que a audiência, de alguma forma, faz parte da música”
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Neste show, sua apresentaç­ão será mesclada com alguns grupos da cidade, em parte, estudantes universitá­rios de música. Qual a importânci­a deste tipo de show? É bom ter esse contato com os artistas em formação?

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