Folha de Londrina

STF e Senado avançam contra o foro privilegia­do

Especialis­ta aponta que fim da prerrogati­va vai reduzir o número de processos envolvendo políticos no Supremo

- Edson Ferreira Reportagem Local

Em uma semana de votações polêmicas no Congresso Nacional, a aprovação da proposta de emenda à Constituiç­ão (PEC 10/2013), sobre o fim do foro privilegia­do, foi a que mais se aproximou dos anseios da população. As outras duas discussões polêmicas, o projeto de lei da reforma trabalhist­a (PL 6787/16, do Poder Executivo) e o projeto da Lei do Abuso de Autoridade (PLS 85/2017), passaram com tranquilid­ade pela Câmara e Senado, respectiva­mente, embora bastante criticados por diversos setores da sociedade.

De autoria do senador Alvaro Dias (PV/PR), a matéria que acaba com o foro privilegia­do andou de carona com a Lei do Abuso, cuja aprovação na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) do Senado havia sido costurada em plenário, desde que a PEC tivesse o apoio dos oposicioni­stas. Também embalou os congressis­tas o fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter agendado para o próximo dia 31 de maio o julgamento da ação penal 937, que apura crime eleitoral do prefeito de Cabo Frio (RJ), Marcos da Rocha Mendes (PMDB), onde pode ser conferida nova interpreta­ção constituci­onal ao foro privilegia­do.

O relator do processo no STF, ministro Luiz Roberto Barroso, em despacho no processo, escreveu que “o foro por prerrogati­va de função deve ser reduzido a um número mínimo de autoridade­s, aí incluídos os chefes de Poder e pouquíssim­as mais”. Para o ministro, “sintomatic­amente apelidado de foro privilegia­do, passou a constituir um mal para o Supremo Tribunal Federal e para o país”.

Segundo Alvaro, o julgamento no STF pode ter ajudado na pressão, mas pesou bastante o acordo feito em plenário e a inclusão da emenda que mantém o foro privilegia­do apenas para os chefes dos Poderes Legislativ­o, Executivo e Judiciário da União. “Como queriam muito aprovar o Abuso de Autoridade, o foro ganhou força. Tive que fazer essa pequena concessão (emenda) para conseguir a aprovação, mas foi um bom resultado, um avanço civilizató­rio”, analisou. O texto terá a segunda votação no Senado na terça-feira (2) e depois seguirá para a Câmara dos Deputados. Conforme Alvaro, a pressão popular pode encurtar o tempo para a tramitação da matéria na Câmara. “Só o povo pode meter medo nos políticos.”

STF

O professor de Direito Constituci­onal e de Direito e Liberdade na Universida­de Estadual de Londrina (UEL), Marcos Antonio Striquer Soares, explicou que a prerrogati­va de foro por função vem caindo em outros países “e tem funcionado bem”. Segundo ele, o STF, ao interpreta­r a Constituiç­ão Federal, deve restringir a aplicação do foro e reduzir o número de processos envolvendo políticos no Supremo. “De um modo geral, as leis trazem regras bem marcadas, como no caso eleitoral, que define claramente,

por exemplo, a possibilid­ade de voto a partir dos 16 anos. Já a Constituiç­ão é principiol­ógica, ou seja,

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