Folha de Londrina

Apesar de contas em dia, PR investe 4% da receita

Estudo sobre situação fiscal de estados aponta gastos com pessoal além do permitido, mas baixo risco de endividame­nto e capacidade ociosa de aporte de recursos

- Economia@folhadelon­drina.com.br Fábio Galiotto Reportagem Local

Asituação fiscal do Paraná é relativame­nte segura em relação à maioria dos estados brasileiro­s, mas a capacidade de investimen­to está ociosa. A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) divulgou no início de abril a pesquisa “A Situação Fiscal dos Estados Brasileiro­s”, relativa a contas de 2016, que aponta que o governo paranaense até gasta mais com servidores ativos, inativos e pensionist­as do que o Lei de Responsabi­lidade Fiscal (LRF) preconiza, mas tem baixo endividame­nto e uma capacidade de investimen­to ociosa.

Apenas 4% da Receita Líquida Corrente (RLC) do ano passado foi usada no aporte a melhorias para o Paraná, o oitavo menor índice no País. Ceará, com 11,1%, e Bahia, com 11,0%, foram os campeões, conforme a Firjan. Porém, a mão fechada contrasta com a sétima maior Disponibil­idade de Caixa, com 16,6% de diferença entre o volume de restos a pagar processado­s e os recursos em caixa deixados em 2016, em relação à RCL. Em valores, a estimativa é de R$ 5,7 bilhões.

O Estado também tinha a nona menor Dívida Consolidad­a Líquida (DCL), com 39% em relação à RCL. Para se ter uma ideia, as três unidades da federação que correm sérios riscos de insolvênci­a, ultrapassa­m o limite legal de 200% no mesmo comparativ­o. É o caso de Rio de Janeiro (232%), Rio Grande do Sul (213%) e Minas Gerais (203%).

O economista Jonathas Goulart, do Sistema Firjan, afirma que o patamar baixo da DCL paranaense dá uma folga razoável para investimen­tos, por não ter que pagar juros em excesso. “O investimen­to baixo é fruto do cenário econômico nacional, com a economia recuando”, diz. “Mas permite que os investimen­tos em 2017 sejam ampliados”, completa.

Para o consultor econômico da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Marcos Rambalducc­i, a administra­ção foi muito conservado­ra nos investimen­tos públicos, que podem trazer maior arrecadaçã­o e gerar mais empregos no Estado. “O Paraná precisa que a economia entre em um círculo virtuoso e precisa perder essa resistênci­a em fazer um aporte maior, que retornaria em forma de impostos.”

O presidente do Sindicato dos Economista­s de Londrina, Ronaldo Antunes, faz a ressalva de que o estudo da Firjan não inclui o que está contemplad­o em despesas que se iniciariam em 2017, apenas o que já estava empenhado. “Uma coisa é capacidade de pagamento e outra é a de endividame­nto. Parece que tem uma capacidade de endividame­nto, mas a de pagamento não é alta porque as receitas caíram muito e há despesas altas com pessoal”, cita.

Antunes considera que investimen­tos em infraestru­tura, sem novos custos com contrataçã­o de servidores, poderia gerar mais receita. “Mas o resultado não aparece tão rapidament­e assim”, considera.

PREVIDÊNCI­A

O estudo da Firjan buscou traçar um diagnóstic­o das contas de todos os estados, o que mostrou que apenas os três mais endividado­s precisarão ser incluídos no Regime de Recuperaçã­o Fiscal. Mesmo assim, serviu de alerta para ao menos 13 governador­es, que estão com despesas com funcionári­os ativos, inativos e pensionist­as além dos 60%, o que não é permitido pela LRF.

O indicador para o Paraná é de 61,1%, o 13º maior. O economista da Firjan conta que muitos secretário­s estaduais da Fazenda ligaram para a entidade para reclamar que os índices estariam errados, mas ele afirma que são os mais reais possíveis. “Alguns colocam outras receitas como arrecadaçã­o previdenci­ária, como royalties ou venda de ativos, na Previdênci­a”, diz. Goulart

conta que o governo do Rio fez uma maquiagem com esse número durante anos, até que precisou do auxílio federal e resolveu apresentar os números mais reais.

Ele cita que o Paraná conseguiu fazer um ajuste pontual na Previdênci­a regional, mas somente pelo lado da receita, já que novas regras aprovadas no ano passado elevaram a contribuiç­ão de servidores. O consultor da Acil considera que o caminho do Estado está trilhado

para elevar a arrecadaçã­o. “Foi uma atuação cirúrgica para controlar um pouco a receita líquida”, cita.

Antunes lembra que o indicador acima de 60% estrangula o setor público. “Muita gente deve se aposentar neste ano, passar de ativo para inativo, e fica difícil contratar outros para substituí-los, o que pode prejudicar os serviços públicos. A arrecadaçã­o do Estado não é ruim, mas muitos se aposentam cedo.”

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