Firjan: concessões e mudança na Previdência
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) sugere correções para sanar a questão o endividamento dos governos estaduais. São seis medidas que visam, principalmente, fluminenses, gaúchos e mineiros, os três mais insolventes do País.
É sugerido o socorro financeiro equivalente à necessidade de caixa para dar liquidez à administração, como R$ 14,5 bilhões para o Rio Grande do Sul. Ainda, orienta pela renegociação de dívidas, a exigência de deficit zero e que seja proibido deixar restos a pagar para o ano seguinte.
Duas, porém, são direcionadas a todos, como privatizações, concessões e vendas de ativos para fazer caixa, além de uma reforma da Previdência no Congresso Nacional que atinja servidores estaduais e municipais. “A maneira como tem sido feita a reforma recai muito sobre os mais pobres e precisa ser mais discutida, mas a necessidade de se fazer é clara”, diz o economista Jonathas Goulart, da Firjan.
Questionado se reformas como a tributária, para que a cobrança de impostos incida mais sobre a renda e patrimônio, mas menos sobre o consumo, não permitiriam uma maior arrecadação e uma aceitação de mudanças na Previdência, Goulart considera que é complicado mexer com impostos em momento de crise. “A tributária está abaixo na lista de prioridades. Veja o Rio, que aumentou impostos e empresas querem sair do Estado.”
Para o economista Marcos Rambalducci, da Acil, seria melhor se houvesse uma cobrança de impostos mais justa e regressiva. “Hoje o rico paga menos imposto e isso torna menos palatável uma reforma da Previdência.”
O economista Ronaldo Antunes concorda que existem muitas outras formas de sair da crise, como a discussão sobre juros. “Dizem que os juros estão caindo, mas, com inflação de 10%, tínhamos Selic de 14% e hoje, com inflação de 4,5%, temos 12,25% de Selic, então a diferença é maior e fica com os bancos”, diz. “Mas qualquer documento de entidade de classe patronal não vai apontar para isso ou para reforma tributária”, completa.
A necessidade de concessões e privatizações, por outro lado, é unanimidade entre os entrevistados pela FOLHA. “Esse documento (da Firjan) é mais liberal e menos estatizante e ganha forma pela maneira como terminou o último governo, que era mais estatizante”, encerra Antunes. (F.G.)