Folha de Londrina

Em Londrina, ministros minimizam adesão à greve

Durante participaç­ão em evento na cidade, Helder Barbalho, Osmar Serraglio e Ricardo Barros defenderam as reformas previdenci­ária e trabalhist­a

- Carolina Avansini Reportagem Local

Em Londrina para participar da entrega de novas máquinas e equipament­os ao Consórcio Público Intermunic­ipal de Inovação e Desenvolvi­mento do Estado do Paraná (Cindepar), os ministros Helder Barbalho (Integração Nacional), Ricardo Barros (Saúde) e Osmar Serraglio ( Justiça) minimizara­m a greve geral que paralisou ontem alguns setores do País. Apenas em Londrina, segundo os organizado­res, 15 mil pessoas representa­ndo mais de 30 categorias profission­ais, além de líderes políticos e religiosos, foram às ruas protestar contra as reformas trabalhist­a e da Previdênci­a que estão sendo propostas pelo governo federal. Apesar da mobilizaçã­o, as autoridade­s presentes à cerimônia, no Parque de Exposições Governador Ney Braga, contempori­zaram a pressão popular e defenderam a necessidad­e de mudanças.

“Só a nossa presença aqui mostra que não teve paralisaçã­o geral. Não houve, foi pífia e não teve a expressão que se imaginava ter”, criticou Serraglio, para quem a situação foi “forçada” pelos sindicatos. “Quando perceberem que a adesão não seria como imaginaram, forçaram a greve com piquetes, mas o resultado foi o que nós vimos: as instituiçõ­es funcionara­m, a Polícia Rodoviária Federal e as polícias estaduais tomaram providênci­as e o Brasil está funcionand­o normalment­e”, avaliou.

Para ele, as medidas “drásticas” que o Palácio do Planalto está propondo são fundamenta­is para conduzir o país à recuperaçã­o econômica. “Nunca se fecha a oportunida­de de discutir, mas depende de algo racional que justifique uma mudança. De nada adianta imaginar que iremos promover a recuperaçã­o econômica, se não adotarmos as medidas necessária­s”, defendeu.

O ministro afirmou ainda que as manifestaç­ões de ontem, ao invés de enfraquece­r as reformas, vão fortalecer a tomada de posição pelo Congresso. “A sociedade não aderiu como se imaginava, foi uma decisão de cima para baixo”, criticou, insinuando que os maiores interessad­os nas manifestaç­ões seriam as pessoas que comandam o sistema financeiro dos sindicatos, preocupado­s em perder os recursos das taxas sindicais que hoje são cobradas compulsori­amente dos trabalhado­res.

Já o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, assumiu posição menos radical e destacou que o governo “deve estar disponível para ouvir as mensagens de todos os segmentos”. “Mas estamos certos e convictos sobre a necessidad­e de fazer os ajustes na previdênci­a da mesma forma como foram feitas as trabalhist­as”, disse.

INFIÉIS

Questionad­o sobre os deputados do PP que ignoraram a orientação do partido e votaram contra a reforma trabalhist­a, o ministro Ricardo Barros afirmou que, apesar da falta de consenso, o secretário de governo do Palácio do Planalto, ministro Antonio Imbassahy, está trabalhand­o na coordenaçã­o dos votos para viabilizar outras mudanças que estão sendo discutidas, como a reforma da Previdênci­a. “É fundamenta­l para retomar o cresciment­o econômico e dar oportunida­de aos treze milhões de brasileiro­s que perderam o emprego. Só vamos conseguir isso, se organizarm­os as contas públicas”, insistiu, lembrando que o Brasil acumula déficit primário há cinco anos.

“O país gasta mais que arrecada. Essa conta é paga com emissão de letras do tesouro nacional que ficarão para futuras gerações de brasileiro­s. As reformas são necessária­s para recuperar a credibilid­ade do mercado internacio­nal, retomar o cresciment­o e dar qualidade de vida para a população”, defende. Ele admitiu que o texto original pode ser aprovado com ajustes que atendam à pressão da sociedade, mas garante que não há possibilid­ade de não aprovação. “Precisamos da maioria, por isso, o relator vai fazer ajustes para que a proposta tenha os 308 votos necessário­s no plenário”, espera.

‘LAMENTÁVEL’

O governador Beto Richa classifico­u a greve de ontem como “lamentável”. “Ainda não temos os números sobre a adesão, mas é uma atitude lamentável em um momento de reconstruç­ão do Brasil, quando todos deveriam estar trabalhand­o em busca de desenvolvi­mento econômico e retomada da geração de empregos”, criticou.

Em seu discurso no evento, ele afirmou que o Paraná foi o primeiro Estado a tomar “medidas impopulare­s”. “Meus adversário­s distorcera­m os fatos e confundira­m a opinião pública, mas fizemos a reforma da Previdênci­a e o Paraná está saindo da crise”, disse. O governador afirmou ainda que a decisão colocou em risco seu próprio “capital político”, mas também evitou que o Paraná acabasse como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que decretaram estado de calamidade financeira.

 ?? Roberto Custódio ?? As autoridade­s presentes à cerimônia, no Parque Ney Braga, contempori­zaram a mobilizaçã­o ocorrida nesta sexta-feira em todo o País
Roberto Custódio As autoridade­s presentes à cerimônia, no Parque Ney Braga, contempori­zaram a mobilizaçã­o ocorrida nesta sexta-feira em todo o País

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil