Folha de Londrina

AMB recorre após mudanças no Mais Médicos

- Natália Cancian Folhapress

– A Associação Médica Brasileira (AMB) informou nesta sexta-feira (28) que planeja recorrer à Justiça contra mudanças nas regras do programa Mais Médicos, criado para levar profission­ais ao interior do País. A medida ocorre após o ministro da Saúde, Ricardo Barros, anunciar que municípios poderão fazer convênio direto com a Organizaçã­o PanAmerica­na de Saúde (Opas) para contrataçã­o de médicos cubanos para atuar nas unidades básicas de saúde.

Hoje, o modelo em vigor prevê convênio entre a organizaçã­o, que faz a ponte com Cuba, e o Ministério da Saúde, responsáve­l por repassar o valor acertado em contrato para custeio dos profission­ais. Na prática, a medida permite que os municípios possam ampliar o número de médicos estrangeir­os no programa, por meio de recursos próprios.

Para o presidente da AMB, Florentino Cardoso, a mudança traz preocupaçã­o por permitir um aumento nas vagas de médicos sem diploma revalidado no Brasil. Ele lembra que os últimos editais do Mais Médicos também têm tido maior adesão de brasileiro­s formados no País, o que não justificar­ia a medida que visa o convênio direto para contrataçã­o de profission­ais cubanos.

“Sempre defendemos que os médicos formados no exterior podem trabalhar no Brasil, desde que sejam avaliados, ou seja, que façam o Revalida [exame de revalidaçã­o do diploma]”, informou.

Outra preocupaçã­o das entidades médicas é com o mecanismo de seleção. Hoje, as vagas do Mais Médicos são ofertadas em editais, que seguem ordem definida: brasileiro­s, brasileiro­s formados no exterior, estrangeir­os (contratado­s como intercambi­stas) e médicos cubanos (contratado­s pela Opas). Com a possibilid­ade de convênio direto, a ideia é que prefeitura­s possam selecionar diretament­e os médicos cubanos.

Para o ministro da Saúde, Ricardo Barros, no entanto, a medida é necessária diante da dificuldad­e para contrataçã­o de médicos em algumas regiões. “O município faria o convênio direto porque quer profission­ais e não encontra no mercado. Muitos municípios publicam editais para contrataçã­o sucessivam­ente e não conseguem preencher seus quadros”, afirmou durante o anúncio.

Brasília

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