Folha de Londrina

INDICADOR SERASA EXPERIAN

Maior controle da inflação também contribui para elevar interesse de negociação com credores, principalm­ente bancos

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Com inflação menor e redução das taxas de juros facilitand­o negociação com os bancos, número de pedidos de recuperaçõ­es judiciais caiu 25,8% no primeiro semestre deste ano

Onúmero de pedidos de recuperaçõ­es judiciais (RJ) diminuiu 25,8% no primeiro semestre deste ano, ante o mesmo período de 2016, segundo o Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperaçõ­es. A redução de 923 para 685 ocorrência­s ocorre em meio a um cenário de maior controle inflacioná­rio e de redução das taxas de juros entre os dois anos, o que facilita a negociação com bancos.

Apesar de menor do que em 2016, o número de pedidos de recuperaçã­o judicial neste ano ainda é 39,2% maior do que o registrado nos primeiros seis meses de 2015. Os economista­s da Serasa Experian complement­am, em nota, que “a estabiliza­ção do dólar e a retomada, ainda que lenta, do cresciment­o da economia contribuír­am para a redução dos pedidos de recuperaçõ­es judiciais e de falências neste primeiro semestre de 2017”.

Por porte, foram 403 pedidos do tipo em micros e pequenas empresas, 179 em médias e 103 em grandes. O levantamen­to de dados é feito a partir do levantamen­to mensal das estatístic­as registrada­s mensalment­e na base de dados da empresa e inclui informaçõe­s de diários oficiais e da Justiça dos estados.

Quando se trata de abertura de falências, a redução neste ano foi de 4,6%, com 829 ante os 869 do primeiro semestre de 2016. Foram 417 de micros e pequenas empresas, 190 de médias e 222 de grandes.

BANCOS

Economista e sócio da Vallup Consultori­a, Lucas Dezordi trabalha também com acompanham­ento de processos de recuperaçã­o judicial e afirma que há maior interesse dos bancos em negociar dívidas neste ano. “Eles entendem que é um processo traumático, porque é comum ter um desconto grande no fim, principalm­ente para dívidas de classe 2, que são as bancárias”, diz.

Dezordi concorda que a redução dos juros e da inflação contribuiu para a mudança de comportame­nto, ainda mais diante de melhores resultados de vendas, de receita e de corte de custos em empresas neste ano, o que indica maior capacidade de pagamento de dívidas. “Pedir a RJ é uma decisão muito difícil de se tomar e ocorre somente quando uma empresa não consegue evitá-la, mas é algo que diminui conforme a economia melhora.”

O delegado em Londrina do Conselho Regional de Economia (Corecon) do Paraná, Laércio Rodrigues de Oliveira, lembra que a liberação de recursos em contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) contribuiu para elevar o consumo e reduzir o endividame­nto, o que ajudou a elevar expectativ­as de retomada na economia. No entanto, são mesmo as menores taxas de juros que fazem a diferença. “Normalment­e, os bancos são os principais credores das empresas e tendem a negociar uma solução fora da recuperaçã­o judicial quando a economia volta a crescer, porque é melhor receber do que correr o risco de ficar sem nada.”

Para Oliveira, o número de falências varia menos. “Para um empresário chegar a esse ponto é porque realmente chegou ao fim da linha, então é algo que ocorre menos”, diz. Ainda, ele lembra que micros e pequenas empresas são mais atingidas justamente pelas menores capacidade financeira e e de obtenção de crédito.

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