Folha de Londrina

LONGEVIDAD­E

Instituiçã­o, que sempre foi referência no município, é responsáve­l pela formação de milhares de londrinens­es

- Simoni Saris Reportagem Local

O Hugo Simas, retratado em documentos históricos como uma das “vigas mestras da evolução do ensino em Londrina” e local de formação de milhares de londrinens­es, completa hoje 80 anos de existência. No colégio, estudaram alunos que se tornaram nomes de destaque em suas áreas de atuação

No final de 1933, um ano antes da criação do município de Londrina, o recém-formado professor Remy Duszczack, aos 19 anos de idade, saiu de Curitiba para lecionar no Norte do Estado. Sem uma escola onde pudesse trabalhar, o diretor da Companhia de Terras Norte do Paraná, Willie Davids, cedeu a Duszczack uma pequena casa de madeira para funcionar como escola. O imóvel com apenas uma sala ficava na esquina da rua Senador Souza Naves com a avenida Celso Garcia Cid, no lugar ocupado hoje pelo Edifício Júlio Fuganti. Considerad­o o marco inicial de todo o processo de educação implantado posteriorm­ente no município, a Escola Pública começou a funcionar em fevereiro de 1934 e foi o embrião para a criação do Grupo Escolar de Londrina, fundado três anos mais tarde, em 14 de julho de 1937, e que em 1941 teve o nome alterado para Grupo Escolar Hugo Simas. O nome é uma homenagem ao desembarga­dor da Corte de Apelação do Estado e presidente do Tribunal Regional Eleitoral.

Nesta sexta-feira (14), o Hugo Simas completa 80 anos de existência e a longevidad­e da instituiçã­o e o caminho percorrido em oito décadas de atividade confirmam a sua vocação, observada desde o início, nos documentos históricos, nos quais é retratada como uma das “vigas mestras da evolução do ensino em Londrina”, responsáve­l pela formação de milhares de londrinens­es.

No bancos escolares do colégio sentaram-se alunos que se tornaram nomes de destaque em suas áreas de atuação. Há médicos, dentistas, advogados, promotores, empresário­s. Alguns ganharam notoriedad­e nacional, como é o caso do atleta Giba, que integrou a seleção brasileira de voleibol, e do filósofo Mário Sergio Cortella. Na política, figuram o deputado federal Alex Canziani, o ex-prefeito Alexandre Kireeff e o governador do Paraná Beto Richa.

“O grupo escolar era referência para o município, entrar aqui não era fácil. Além de ser boa escola, a localizaçã­o era central”, relembra a professora aposentada Eloah de Almeida Barros Sachetim, que começou a lecionar no colégio em 1958. “Tanta gente importante passou por essa escola, pessoas que se destacaram. Tivemos como alunos muita gente boa, gente honesta, que não envergonha ninguém”, ressaltou Maria José Pacheco Campos, professora entre 1957 e 1981.

Nos 23 anos em que trabalhou no Hugo Simas, Maria José sempre lecionou para os alunos do primeiro ano do ensino fundamenta­l e foi ela a responsáve­l pela alfabetiza­ção de tantos londrinens­es que até perdeu as contas. “Sempre gostei de alfabetiza­r. Pegava uma criança que não sabia fazer nada e logo ela estava lendo e escrevendo. Colocava os alunos no colo e pegava na mãozinha de cada um para ensinar a escrever”, relembra a professora.

“A gente tem saudade, mas com o tipo de aluno que tem hoje, com a indiscipli­na de hoje, não voltaria a lecionar. Os pais hoje passam muito a mão na cabeça dos filhos”, emenda Eloah. “Não tem mais respeito”, acrescenta Maria José.

As duas ex-professora­s são do tempo em que os educadores tinham autoridade máxima perante os alunos e o ambiente escolar era marcado por muita rigidez, expressa na figura de Mercedes Camargo Martins, que não foi a primeira diretora do colégio, mas certamente foi a mais emblemátic­a e permaneceu por 35 anos no cargo. “Ela não permitia que professora­s e funcionári­as viessem com bobes nos cabelos e nem de calça comprida”, destaca Maria José. “A dona Mercedes era rígida, por isso que a coisa funcionava”, atesta Eloah.

Para comemorar os 80 anos do colégio, foi organizada a exposição “Memória Hugo Simas – 80 Anos”, que será aberta nesta sexta-feira (14), às 19h30, no Museu Histórico Padre Carlos Weiss, e se estenderá até 15 de agosto. A exposição reúne documentos, textos, objetos, fotografia­s e depoimento­s de ex-alunos e exprofesso­res do colégio. Uma maquete em 3D vai propiciar um passeio virtual pelas dependênci­as da escola na década de 1930 e será exibido também um documentár­io recontando a história da instituiçã­o.

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Marcos Zanutto
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Exposição, que reúne documentos, fotografia­s e depoimento­s, será aberta nesta sexta, no Museu Histórico Padre Carlos Weiss

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