RECUPERAÇÃO
Parceria para chegar a mais cidades no Estado deve trazer mais receita e contribuir para recuperação financeira de empresa londrinense
Em plano apresentado à Anatel, Sercomtel indica melhor aproveitamento da parceria com a Copel para elevar receita
Se aproveitar melhor da parceria da Companhia Paranaense de Energia (Copel) para chegar a mais municípios e elevar a receita é a principal aposta da Sercomtel, conforme o Plano de Recuperação Financeira apresentado na quarta-feira, 12, ao conselho Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Sob ameaça de suspensão da concessão para telefonia fixa em Londrina e Tamarana, diretores da empresa londrinense levaram a Brasília mais de 40 medidas que poderiam reverter o quadro de alto endividamento, como corte de gastos e ampliação de serviços.
A resposta do órgão regulador sairá até o fim de agosto e não está descartada a “caducidade” da concessão. A Anatel deu 30 dias a partir de 13 de junho último para que a Sercomtel, que pertence à Prefeitura (55% das ações) e à Copel (45%), apresentasse formas de reduzir o próprio risco financeiro. O prejuízo acumulado da operadora é de R$ 190 milhões e a dívida consolidada chegou a R$ 238,9 milhões em dezembro de 2016, valor quase equivalente à receita anual bruta de R$ 251,3 milhões.
A concessão de telefonia fixa atende apenas Londrina e Tamarana. A Sercomtel atua em mais de outras 160 cidades paranaenses, além de oferecer serviços de banda larga e telefonia celular, mas, nestes casos, tem uma autorização do órgão regulador. Mesmo assim, o presidente da telefônica londrinses, Luiz Carlos Adati, afirma que o sistema é o mesmo e a suspensão poderia inviabilizar o trabalho da empresa.
Para o público em geral, a Sercomtel divulgou o plano sem detalhamento e apenas em linhas gerais. Adati afirma que as medidas incluem projetos que estavam engavetados, ações de cortes de gasto, novos modelos de parceria com os acionistas, além da renegociação de dívidas tributárias para alongar o prazo de pagamento e a busca por financiamentos para investimentos em até 15 anos com agentes como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As ações precisam trazer resultados de médio e longo prazo, para que a Sercomtel tenha lucro ao menos até 2021. “A Anatel fez algumas observações sobre nossas ações, com pedido para reavaliarmos alguns números que eles consideraram muito otimistas, mas, ao mesmo tempo, deixaram o canal aberto para afinarmos o plano”, diz Adati.
PROPOSTAS DE RECEITA
O presidente da Sercomtel acredita que é possível conseguir investimentos para aumentar a cobertura de fibra ótica em Londrina, por exemplo, o que daria força ao projeto de atração de empresas de tecnologia e de consolidação regional como polo do setor. Ainda, enxerga na cobertura da Copel Telecom, que chega a todas as cidades do Estado, uma chance de ampliar a oferta de telefonia fixa para novos clientes. “Esse mesmo tipo de negócio vamos oferecer para os vários tipos de provedores que existem no Estado”, conta Adati.
A venda de ativos também deve ser ampliada. Além dos terrenos avaliados em R$ 26 milhões, ele diz que a empresa venderá torres cotadas em R$ 10 milhões. “Outras operadoras já venderam essas torres e existem empresas que investem nisso”, considera. Porém, descarta novos planos de redução no quando de funcionários.
Adati afirma que a Sercomtel contratará uma das principais consultorias que atuam no País, para consolidar as estratégias de longo prazo, conforme pedido da Anatel. Para ele, ter uma empresa de telecom com gestão da Prefeitura deve ser o principal diferencial de Londrina para os próximos anos. Ele não descarta o aporte de capital privado no futuro.
SEM VENDER AÇÕES
O prefeito Marcelo Belinati nega veementemente que a Sercomtel vá buscar um sócio privado. Ele também afirma que não deseja ver a empresa em projetos de Parceria Público-Privada (PPP). “A saída para a Sercomtel de minha preferência passa pelo aumento da parceria com a Copel.”
Ele nega, no entanto, que isso “necessariamente” represente a venda do controle acionário da companhia para o sócio hoje minoritário. Belinati diz que já renegociou a dívida da Sercomtel com o Estado, de ICMS. E, sem revelar como, afirma que a Copel também ajudará a Sercomtel a resolver o problema da dívida tributária. “Em um primeiro momento, nosso esforço é de sanear as contas da empresa e incrementar a receita e renegociar.”
Sobre como será o desenvolvimento da empresa no futuro, ele diz que será contratar uma consultoria. “Antes, temos de ajustar as contas”, diz Belinati.
Nosso esforço é de sanear as contas da empresa e incrementar a receita e renegociar”