Folha de Londrina

DADOS DA OMS

Apesar de aparecer entre as primeiras posições do País em ranking de saneamento, Londrina ainda conserva casos pontuais de precarieda­de

- Celso Felizardo Reportagem Local que o Brasil tenha registrado “alguns avanços” nos últimos 15 anos. Porém, destaca que as disparidad­es entre as regiões mais pobres e mais ricas do País ainda é um problema.

Três em cada dez pessoas no mundo não têm acesso a banheiro. No Brasil, são 4 milhões de habitantes nessa situação

Aárea de invasão no fundo de vale do córrego Sem Dúvida, atrás do jardim Maria Cecília (zona norte), foi o destino “escolhido” pela família de Marinalva Mendonça Silva, 64. Sem condições de pagar aluguel, ela, a filha Dalva Maria Galvão, 38, o genro João Bosco de Souza, 50, e três netos dividem um barraco erguido com lâminas de madeira compensada. Até poucos meses atrás, o banheiro era um buraco aberto ao lado do casebre. Hoje, ela comemora o fato de poder utilizar o sanitário improvisad­o, separado do resto da casa por algumas toalhas. “Em vista do que era está muito bom”, comenta.

De acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (12) pela OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde), o simples ato de acordar pela manhã e se dirigir ao banheiro para escovar os dentes e tomar banho é inacessíve­l para 3 em cada 10 pessoas em todo o mundo. No Brasil, cerca de 3 milhões de pessoas - ou 11% da população rural - ainda não contam com banheiros. Se somados ao mais de 1 milhão nas zonas urbanas na mesma situação, o País registra mais de 4 milhões de habitantes que precisam defecar ao ar livre.

A pesquisa destaca ainda que, de forma geral, 61% dos brasileiro­s no campo e na cidade não dispõem de saneamento básico seguro. “A gente queria que os lotes fossem regulariza­dos logo para podermos ter acesso a um serviço de mais qualidade. Muita gente tem medo de investir em construção porque sabe que pode perder tudo”, disse Galvão, referindo-se às casas da invasão.

Os números fazem parte de um alerta mundial que as entidades lançam para a necessidad­e de que governos invistam em água e saneamento. No total, são 4,5 bilhões de pessoas sem saneamento e 2,1 bilhões sem água em todo o mundo. “A água potável, o saneamento e a higiene em casas não podem ser privilégio­s exclusivos dos ricos ou daqueles que vivem em centros urbanos”, declara o novo diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesu­s. “Todos os países devem ter a responsabi­lidade de garantir que todo o mundo possa aceder a esses serviços.”

Em melhores condições se comparada a regiões de maior vulnerabil­idade, Londrina tinha, em 2011, 92% da população coberta com coleta e tratamento de esgoto. A cidade que desponta entre os melhores índices do País nos rankings de saneamento ainda conserva casos pontuais de precarieda­de. De acordo com a Sanepar, o número de imóveis atendidos na cidade passou de 170 mil para 215 mil nos últimos seis anos, sendo que 100% do esgoto coletado é tratado. A concession­ária informou também que, no mesmo período, 813 mil imóveis foram integrados ao sistema de esgoto em todo o Estado.

AVANÇOS

Os dados revelam que os avanços entre 2000 e 2015 foram importante­s. Mas, ainda assim, o trabalho está longe de ser concluído. Hoje, apenas 64% dos brasileiro­s dispõem de esgoto conectado. Mas, em 2000, essa taxa era de apenas 42%. De acordo com a OMS, 39% dos brasileiro­s tinham acesso a saneamento seguro em 2015. Quinze anos antes, essa taxa era de 26%. O avanço, segundo os especialis­tas, não caiu em 15 anos - mas apenas de 16% em 2000 para 11% em 2015. Nesse ritmo, esse problema apenas seria resolvido em 2045. Maria Neira, coordenado­ra do Departamen­to de Saúde Pública da OMS, acredita

foi suficiente, e mais da metade da população do País ainda não tem seus direitos plenamente respeitado­s.

Quanto à população rural que ainda precisa fazer suas necessidad­es ao ar livre, a taxa (Com Agência Estado)

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Ricardo Chicarelli No barraco no Sem Dúvida, sanitário improvisad­o é usado pelos seis membros da família de Marinalva Silva

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