Folha de Londrina

Brasil lidera ranking de mortes de ambientali­stas

- Maiana Diniz Agência Brasil Brasília -

O Brasil lidera a lista de países onde ativistas ambientais mais foram mortos em 2016. Segundo o levantamen­to “Defensores da Terra”, divulgado nesta quinta-feira (13) pela organizaçã­o não governamen­tal Global Witness, 49 casos ocorreram no País no período. Em todo o mundo, pelo menos 200 ativistas foram assassinad­os no ano passado - cerca de quatro vítimas por semana.

É o maior número de mortes de ambientali­stas registrado em um ano pela organizaçã­o. “Com muitos assassinat­os não relatados, e nem ao menos investigad­os, é provável que o número verdadeiro seja muito mais alto”, aponta o relatório.

O levantamen­to indica que o fenômeno de violência contra ativistas não está apenas crescendo, mas também se espalhando pelo mundo. No ano passado, a Global Witness documentou assassinat­os em 24 países. Em 2015, foram 16 . “A falta de processos também dificulta identifica­r os responsáve­is, mas encontramo­s evidências fortes de que a polícia e as Forças Armadas [locais] estavam por trás de pelo menos 43 assassinat­os [em vários países]”, informa o texto.

A organizaçã­o avalia que cabe aos Estados, conforme legislação internacio­nal, proteger os defensores de direitos humanos para que possam atuar com segurança, mas lamenta que aqueles que defendem causas fundiárias e ambientais enfrentam riscos específico­s e aumentados porque desafiam interesses comerciais. “Para mantê-los seguros, é necessária ação.”

De acordo com a Global Witness, a principal causa de morte dos ativistas em 2016 foi o envolvimen­to das vítimas em conflitos contra a atividade de mineração, agronegóci­o e exploração madeireira. O setor de mineração permanece o mais perigoso, com 33 ativistas mortos depois de se oporem a projetos de exploração de minas e de petróleo.

O relatório ainda alerta que assassinat­o é apenas uma das táticas para silenciar ativistas. Ameaças de morte, prisões, violência sexual e ataques legais também são recorrente­s, segundo a organizaçã­o.

Das vítimas em todo o mundo, 40% são indígenas e 60% são da América Latina. O Brasil é seguido no ranking pela Colômbia, com 37 assassinat­os; Filipinas, com 28; Índia, com 16, e Honduras, que lidera o ranking do país mais perigoso para ativistas per capita na última década, com 14 mortes. Em 2015, o Brasil também liderou o ranking de mortes de ambientali­stas.

Das vítimas em todo o mundo, 40% são indígenas e 60%, da América Latina

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