‘Temos de atacar as desigualdades’, alerta OMS
A diferença no acesso a sanamento básico entre a periferia e as áreas mais nobres dos municípios chama a atenção no estudo. “Temos de atacar as desigualdades”, alerta a coordenadora do Departamento de Saúde Pública da OMS, Maria Neira. “Cada vez que temos epidemia, a falta de investimentos está relacionada”, observa, fazendo referência aos problemas com zika, dengue e outras doenças. Para ela, governos não podem cortar investimentos nesses setores, nem mesmo durante uma recessão ou em um momento de redução de gastos do Estado. “Se um país coloca em dúvida a importância de investir em saneamento, seria uma decisão muito equivocada”, afirma.
De acordo com a OMS, investir em saneamento é investir
em saúde. Hoje, 361 mil crianças com menos de cinco anos ainda morrem de diarreia no mundo, em grande parte causada por falta de higiene. Cólera, hepatite A e outras doenças também estão relacionadas com essa falta de investimentos. Das 4,5 bilhões de pessoas sem saneamento seguro, 600 milhões são obrigadas a compartilhar latrinas com outras residências.
Dos 2,1 bilhões de habitantes sem acesso a água potável, mais de 263 milhões deles precisam viajar mais de 30 minutos para poder recolher
água de fontes seguras; 159 milhões, ainda assim, bebem diariamente água não tratada. Em 90 países avaliados, o progresso ainda é lento e a OMS considera que, se o atual ritmo for mantido, esses governos não atingirão uma cobertura universal de água até 2030, como era o plano da ONU.
No Brasil, porém, o acesso a água foi considerado como um dos grandes avanços dos últimos 15 anos. A taxa da população com acesso a água potável passou de 84% em 2000 para 97% em 2015.