Folha de Londrina

Pesquisa aponta declínio dos EUA e ascensão da China como líder global

Entrevista­dos de 7 de 10 países da União Europeia apontaram Pequim como protagonis­ta da economia

- Guilherme Magalhães Folhapress

- A percepção do papel de liderança econômica global da China frente aos Estados Unidos cresceu do último ano para cá, aponta levantamen­to do Centro de Pesquisa Pew conduzido em 38 países. A mudança foi mais sentida na Europa. A China tomou o lugar dos EUA em 7 de 10 países da União Europeia ao ser apontada pelos entrevista­dos dessas nações como a líder da economia mundial.

Na média global, os americanos ainda são mais citados do que os chineses como líderes econômicos: 42% a 32%. Na média de cinco países europeus ouvidos na pesquisa - Alemanha, França, Reino Unido, Espanha e Polônia-, a China é vista como líder por 46% ante 34% para os Estados Unidos.

O declínio americano também foi registrado na América Latina. Apesar de ainda aparecer à frente de Pequim na pesquisa, Washington perdeu terreno como líder global na visão dos brasileiro­s, mexicanos, chilenos, venezuelan­os e argentinos.

Apesar de ter registrado leve queda, a percepção favorável da China no mundo agora está próxima da dos EUA. A diferença de 14 pontos percentuai­s a favor dos americanos, observada nas pesquisas de 2014 a 2016, caiu para apenas dois pontos. A mudança na imagem internacio­nal de Pequim coincide com a piora da visão que o mundo tem de Washington depois da posse de Donald Trump como presidente.

Em pesquisa publicada em junho, o Pew mostrou que 49% das populações dos países do estudo gostavam dos EUA. Em 2016, no final da presidênci­a de Barack Obama, esse índice era de 64%.

A China vem aproveitan­do a turbulênci­a interna ocasionada pelo governo Trump para conquistar uma posição mais proeminent­e na comunidade internacio­nal.

Em junho, quando o presidente americano anunciou que a saída dos EUA do Acordo de Paris sobre o clima, Xi Jinping se uniu ao coro de líderes ocidentais que criticaram a decisão de Trump. O líder chinês, que em maio lançou um ambicioso projeto de investimen­tos em infraestru­tura da ordem de US$ 100 bilhões em mais de 60 países, deve usar a melhora na imagem chinesa no exterior para se fortalecer no comando do regime. No segundo semestre deste ano, Jinping deve ser reconduzid­o ao segundo mandato de cinco anos à frente da China e supervisio­nará a renovação de até dois terços dos quadros do Partido Comunista Chinês.

Algo que une EUA e China é a má avaliação da capacidade de seus respectivo­s presidente­s de lidar com assuntos globais. Na média dos 38 países, 53% não têm confiança em Xi Jinping. A situação para Donald Trump é ainda pior, pois 74% dos ouvidos afirmaram desconfiar da atuação do americano.

O presidente russo, Vladimir Putin, também é mal avaliado pela maioria na média global (59%). A alemã Angela Merkel é a líder global com melhor avaliação segundo o Pew: 42% dizem ter confiança na chanceler, enquanto 31% citam desconfian­ça.

74% dos entrevista­dos afirmaram desconfiar da atuação do presidente americano

 ?? Patrik Stollarz/AFP ?? Jinping e Trump durante encontro de trabalho da Cúpula do G20 em Hamburgo, na Alemanha, no dia 7
Patrik Stollarz/AFP Jinping e Trump durante encontro de trabalho da Cúpula do G20 em Hamburgo, na Alemanha, no dia 7

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