Folha de Londrina

Agora e na hora de nossa morte

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Há 100 anos, em 13 de julho de 1917, Nossa Senhora fazia três importante­s revelações aos pastorzinh­os portuguese­s Lúcia, Francisco e Jacinta. Essas revelações ficaram conhecidas como “os três segredos de Fátima”.

O primeiro segredo revelado às três crianças foi uma visão do Inferno. Trata-se de um lugar em cuja existência o mundo moderno não acredita. No entanto, ao mostrar que o Inferno possui uma existência real, Nossa Senhora quis chamar a atenção do mundo para aquilo que já está nas Escrituras: não existe bem sem o conhecimen­to — e a rejeição — do mal. O Inferno é o lugar em que o perdão não existe; a mensagem de Fátima nos impele a pedir perdão enquanto há tempo. Fátima tem o poder de transforma­r todos nós em pequenos Dantes, que conhecem o Inferno e depois sobem para a luz de Deus. Cada um de nós terá a sua “Divina Comédia” pessoal.

O segundo segredo é um pedido. Maria deseja que a Rússia seja consagrada ao seu Imaculado Coração. Caso contrário, diz, a Rússia “espalhará seus erros pelo mundo”. E foi exatamente o que aconteceu a partir daquele ano de 1917, em que logo depois eclodiu a Revolução Russa. O comunismo espalhou seus erros pelo mundo e os espalha até hoje, por vezes disfarçado com as vestes do globalismo. Não foi por acaso que o poeta Liu Xiaobo, vítima do comunismo chinês, morreu na quinta-feira, exatamente 100 anos após a revelação de Fátima.

A última revelação daquele dia permaneceu oculta até o ano 2000. As palavras de Lúcia são aterradora­s: “O Santo Padre (...) atravessou uma grande cidade, meia em ruínas e meio trêmulo, com andar vacilante, acabrunhad­o de dor e pena. Ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho. Chegando ao cimo do monte, prostrado, de joelhos, aos pés da cruz, foi morto por um grupo de soldados que lhe disparavam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns após os outros os bispos, os sacerdotes, religiosos, religiosas e várias pessoas seculares. Cavalheiro­s e senhoras de várias classes e posições. Sob os dois braços da cruz, estavam dois anjos. Cada um com um regador de cristal nas mãos recolhendo neles o sangue dos mártires e com eles irrigando as almas que se aproximava­m de Deus”.

O terceiro segredo de Fátima é nada menos que uma descrição do nosso tempo em linguagem profética. Como bem observou o papa emérito Bento XVI, em seu comentário teológico às revelações de Fátima, a profecia não é, ao contrário do que se pensa, uma simples previsão do futuro, mas uma descrição do presente que nos auxilia a cumprir a vontade de Deus.

Nada é inevitável na história. Temos a liberdade de “uma reorientaç­ão radical de toda a vida, um retorno, uma conversão para Deus de todo nosso coração, uma ruptura com o pecado, uma aversão ao mal e às más obras que cometemos”. Em face desta chance concreta de redenção, nós católicos sempre encerramos a oração da Ave-Maria com a mesma frase: “Agora e na hora da nossa morte”.

Há 100 anos, Nossa Senhora fez três revelações às crianças de Fátima. É uma mensagem que se dirige aos nossos dias

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