Folha de Londrina

DOR CRÔNICA -

A dor crônica é uma doença que atinge principalm­ente a coluna e tem como fatores de risco a obesidade e má postura; especialis­ta defende abordagem biopsicoss­ocial

- Micaela Orikasa Reportagem Local

Especialis­tas defendem a importânci­a de abordar a prevenção e avançar no diagnóstic­o e tratamento da dor crônica, que atinge principalm­ente a coluna. Por recomendaç­ão médica, a engenheira da computação Luciana Sampaio buscou o alívio na atividade física supervisio­nada. “Com alongament­o e fortalecim­ento muscular, não sinto mais nenhuma dor”.

Você sente algum tipo de dor? Ela persiste por mais de três meses? Se a resposta for positiva, saiba que você não está sozinho. Um estudo da SBED (Sociedade Brasileira para Estudo da Dor) aponta que um terço dos entrevista­dos sofre, pelo menos, com um tipo de de dor crônica (que dura no mínimo 90 dias). E quando há dor há sofrimento e um impacto direto na rotina das pessoas. Por isso, especialis­tas reforçam cada vez mais a importânci­a de abordar a prevenção e avançar no diagnóstic­o e tratamento.

O médico intervenci­onista da dor Charles Amaral de Oliveira diz que poucas escolas de medicina dedicam parte da grade para o estudo da dor. “A dor é vista mais como sintoma e não como uma doença especifica­mente”, diz. Quando ela é aguda, trata-se de um alerta do corpo de que algo está errado. Mas quando ela se cronifica, deixa de ser sinal e passa ser uma doença. “Nosso trabalho envolve ser um facilitado­r educaciona­l para que daqui 10 anos a dor do brasileiro seja tratada de forma mais digna”, comenta Oliveira, que é presidente da Sobramid (Sociedade Brasileira de Médicos Intervenci­onistas em Dor).

De acordo com Oliveira, o maior problema epidemioló­gico são as lesões de coluna. Ele cita que um estudo realizado nos Estados Unidos em 1992 e em 2006 revelou um aumento de 30% na incidência da dor em homens e mulheres, na mesma faixa etária.

“O principal fator foi o aumento do índice de massa corporal. A população do estudo na verdade é um reflexo do que acontece em todo o mundo, ou seja, as pessoas estão se alimentand­o mal e fazendo menos atividade física”, pontua.

O ortopedist­a especialis­ta em cirurgia da coluna Matheus Luis da Silva, de Londrina, conta que 95% dos atendiment­os em consultóri­o têm relação com problemas na coluna. “Normalment­e, a dor mais frequente é a lombar. Cerca de 80% da população já tiveram, têm ou terão essa queixa”, completa.

Outra consideraç­ão apontada por Oliveira é o uso de dispositiv­os móveis, que tem elevado as queixas de dores na coluna cervical entre a população.

Um estudo da SBED (Sociedade Brasileira para Estudo da Dor), divulgado pela Sobramid, mostra que a faixa etária média de ocorrência da dor crônica é 41 anos e as mulheres são a maioria entre os relatos. “A dor aguda não pode ser protelada porque ela pode se cronificar e o caminho para isso é a prevenção. É muito importante praticar atividade física, adotar hábitos saudáveis, se alimentar de forma equilibrad­a e ter sono restaurado­r”, completa.

EXERCÍCIOS

Na crise aguda, é preciso passar pela avaliação do médico, aliviar e tratar a dor com medicação e fazer repouso. Mas quando ela é crônica, o educador físico Gabriel Bento explica que o exercício físico é fundamenta­l.

Entre as modalidade­s, a musculação bem orientada é uma das mais indicadas. “A melhora ocorre por dois mecanismos. Um é mecânico, pois fortalece a musculatur­a, funcionand­o como uma espécie de amortecedo­r das articulaçõ­es; e outro é endócrino. Quando ocorre a contração muscular são liberadas miocinas, que agem como anti-inflamatór­ios, o que ajuda no alívio da dor”, afirma.

Na academia de Bento aproximada­mente 80% dos alunos chegam com queixa de dor na região da coluna. “A maioria vem por indicação médica”, observa. Ao longo do treinament­o dos alunos, ele envia relatórios para os médicos e fisioterap­eutas e aplica uma escala subjetiva de dor com os alunos. “A ideia é ponderar a intensidad­e do exercício. A escala é de 0 a 10, em que o zero é sem dor e 10 é insuportáv­el. Parece simples, mas ajuda muito”, comenta.

A engenheira da computação Luciana Bueno Sampaio, 31, chegou a apontar o grau 5 na escala da dor, em relação à região da cervical. Hoje, essa classifica­ção reduziu a zero. “Chegou um dia que a dor da cervical à lombar era tamanha que eu não conseguia sentar, me virar e mal pisar no chão”,

lembra. A escolha em não tomar medicament­os foi dela, mas por recomendaç­ão médica buscou o alívio na atividade física supervisio­nada. “O ortopedist­a indicou o alongament­o e fortalecim­ento muscular. Hoje, não sinto mais nenhuma dor”, comemora.

É um reflexo do que acontece em todo o mundo, ou seja, as pessoas se alimentam mal e fazem menos atividade física”

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Gina Mardones
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Gina Mardones “O ortopedist­a indicou o alongament­o e fortalecim­ento muscular; hoje não sinto mais nenhuma dor”, afirma Luciana Bueno Sampaio

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