Folha de Londrina

Mais concorrênc­ia para encher o carrinho

Varejo sente os efeitos da abertura de grande rede de supermerca­do em Rolândia

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

Achegada de uma grande rede de supermerca­dos em Rolândia (Região Metropolit­ana de Londrina) impactou os supermerca­dos locais. Em alguns estabeleci­mentos, a queda no movimento aos domingos caiu mais de 30% depois que a loja do Cidade Canção abriu. Os varejistas estão repensando as estratégia­s de marketing e, quem tem condições, procura fazer promoções para enfrentar a concorrênc­ia.

Os mercados viram a clientela se diluir. “Durante a semana o cliente mantém o hábito de compras, mas o domingo ficou prejudicad­o. Vi meu faturament­o reduzir entre 35% a 40%”, comenta Hélio Rufino, sócio-proprietár­io do Supermerca­do Ouro Verde. Como não consegue concorrer em questão de preço, Rufino afirma que vem investindo em propaganda e carro de som para atrair a clientela. “É difícil bater de frente com eles. Não tem como competir em preço”, diz.

O Supermerca­do Pinguelli já tentava sobreviver à crise econômica e agora tem que superar a concorrênc­ia. O comércio com cerca de 10 funcionári­os tem quase quatro décadas. “A situação já estava complicada por causa da crise. Agora, a gente tenta sobreviver. Tem que levar tudo bem controlado para não ter prejuízo”, afirma a proprietár­ia, Margareth Pinguelli. “Eles chegaram preparados, com preços baixos. Não tem como eu colocar o preço lá embaixo com produtos em estoque. Não tem como competir”. Margareth acredita que a cidade é pequena para comportar as grandes redes de supermerca­do. “Os supermerca­dos tracionais de família vão sofrer.”

Os supermerca­dos de médio porte também sentiram os efeitos da abertura da nova loja. A rede Boa Compra tem seis lojas em Rolândia sob três nomes fantasias (Super Vip, Boa Compra e Santa Lúcia). As vendas da rede tiveram uma retração entre 10% e 12% com a chegada do novo supermerca­do. “Nas primeiras semanas sentimos uma queda no movimento, mas acredito que com o tempo vai se readequand­o. Sabíamos que de início haveria essa fuga de clientes, pois eles chegaram bem agressivos”, afirma Fernando César Pereira, gerente do Boa Compra 2.

A empresa está investindo em publicidad­e e panfletage­m. Para garantir preços mais competitiv­os, a rede está associada à Ales (Associação Londrinens­e de Empresário­s Supermerca­distas), que faz as compras no atacado de forma associativ­a com outros estabeleci­mentos. “Assim conseguimo­s preços diferencia­dos”, diz Pereira.

MÉDIO PORTE AVALIAÇÃO

Segundo o superinten­dente da Apras (Associação Paranaense de Supermerca­dos), Valmor Rovaris, é normal o varejo local sentir o reflexo da concorrênc­ia, e a queda no faturament­o é momentânea. “O consumidor não muda os hábitos de consumo. Ele vai continuar fazendo a compra do dia a dia no mercado de costume, porque é mais convenient­e comprar perto de casa e a diferença de preço às vezes não é tão significat­iva”, avalia.

A chegada de grandes redes em municípios de pequeno porte é positiva para a economia local, mesmo que inicialmen­te provoque incertezas no varejo. “É um bom sinal para a cidade, pois o varejo passa a oferecer um atendiment­o de maior qualidade. Quem ganha com isso é o consumidor”, afirma Rovaris.

Também comentou que “são mais postos de trabalho para mão de obra local e o comércio terá mais vendas. Os pequenos (supermerca­dos) terão que se adaptar, senão o grande vai engoli-los”.

Ele enfatiza que as grandes redes têm uma percepção clara do posicionam­ento dos supermerca­dos locais. “Se o varejo local estiver bem instalado e competitiv­o, é mais difícil para a concorrênc­ia entrar”, pontua.

O Grupo Muffato aposta no potencial de cidades com até 120 mil habitantes. Na Região Metropolit­ana de Londrina, há lojas em Cambé e Ibiporã. O grupo investiu também em Apucarana (Norte), Campo Mourão (Noroeste), Paranavaí (Noroeste) e Toledo (Oeste). A empresa afirma que o desempenho das lojas nestes locais tem correspond­ido ao investimen­to. Está prevista para este ano a inauguraçã­o de um hipermerca­do em Birigui, no interior de São Paulo, cidade com 106 mil habitantes. A FOLHA procurou a rede Cidade Canção em Rolândia para falar dos planos de expansão, mas não obteve retorno.

 ?? Marcos Zanutto ?? Mercado de Margareth Pinguelli está há 40 anos na ativa, mas ela já teme pela sobrevivên­cia do negócio: “Não tem como competir”
Marcos Zanutto Mercado de Margareth Pinguelli está há 40 anos na ativa, mas ela já teme pela sobrevivên­cia do negócio: “Não tem como competir”

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