Folha de Londrina

Maia garante quórum para votar denúncia contra Temer na quarta

Presidente da Câmara descarta postegar votação para a segunda semana de agosto, como sugere o Palácio do Planalto

- Política@folhadelon­drina.com.br Thais Bilenky Folhapress São Paulo -

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), rebateu em tom crítico a avaliação do presidente Michel Temer (PMDB) de que não haverá quorum para votar a denúncia na semana que vem. “Na minha opinião, haverá quorum”, disse nessa sexta-feira (28). “O Brasil precisa de uma definição sobre esse assunto e não se pode, do meu ponto de vista, respeitand­o a opinião de cada um, se jogar com um assunto tão grave como uma denúncia oferecida pela PGR contra o presidente da República”, afirmou após almoçar com o prefeito de São Paulo em exercício, Milton Leite (DEM).

“Nosso papel é votar. Quem quiser vota sim, quem quiser vota não. Mas não votar é manter o país parado.”

Com a previsão de que não haja quórum para votar denúncia contra ele na quartafeir­a (2), o presidente Temer tem defendido que seja convocada nova sessão parlamenta­r na segunda semana de agosto. Pela sondagem feita pela base aliada, a tendência mais forte é de que os partidos de oposição façam obstrução, o que inviabiliz­aria uma votação, já que o Palácio do Planalto reconhece que não conta com 342 parlamenta­res governista­s.

Se antes o presidente avaliava que era preferível postergar a votação, agora o peemedebis­ta considera que um adiamento poderia ser prejudicia­l.

Isso porque a avaliação é de que, enquanto a denúncia ficar em banho-maria, não será possível votar nenhuma reforma governista, que são considerad­as essenciais pelo presidente para recuperar apoio junto ao mercado financeiro.

Além disso, o Palácio do Planalto teme que a divulgação do conteúdo das delações premiadas de Lúcio Funaro e de Eduardo Cunha pode desgastar ainda mais a imagem do presidente, dificultan­do a conquista do apoio de indecisos na base aliada.

Pelas contas do Palácio do Planalto, o presidente conta hoje com apoio para barrar a denúncia por corrupção passiva em plenário. Pelo último cálculo, o governo teria o apoio de 257 deputados.

Maia negou que tenha traçado estratégia­s no jantar na quinta-feira (27) com Temer no Palácio do Jaburu. Ele disse que não precisa conversar com líderes por ter certeza de que haverá quórum. “A oposição tem os seus votos, o seu trabalho, mas aqueles que são de partidos da base e votarão a favor da abertura da denúncia não têm nenhum motivo para obstruir a votação”, afirmou.

Maia calcula que a votação terá mais de 480 deputados presentes. O presidente da Câmara defendeu a votação ime-

diatamente após a volta do recesso para não “deixar o paciente no centro cirúrgico com a barriga aberta”. “Essa denúncia se não for resolvida é a doença. Porque a pauta do Congresso vai ficar parada.”

MEIRELLES

Maia, que assumirá a Presidênci­a caso Temer seja afastado, elogiou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que vem sendo atacado especialme­nte após o anúncio de aumento de impostos sobre combustíve­is, e disse reafirmar “meu compromiss­o, meu apoio” à política econômica desse governo.

“A gente não pode nem deve mexer sem motivo na meta fiscal que foi apresentad­a no início do ano, já temos um rombo fiscal gravíssimo no Brasil, então a gente precisa votar a denúncia exatamente para que a gente possa votar ao tema das reformas”, defendeu.

Temer tem sofrido pressão de aliados para revisar a meta fiscal do governo, hoje de R$ 139 bilhões. Segundo a colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo,

parlamenta­res já se articulam para apresentar projeto de lei aumentando o rombo em R$ 30 bilhões.

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