Proibição de protestos reduz número de opositores nas ruas
Caracas -
Poucos opositores saíram às ruas da Venezuela nesta sexta-feira (28), após a decisão do governo de proibir os protestos convocados contra a eleição dos membros da Assembleia Constituinte do presidente Nicolás Maduro, que ocorrerá neste domingo (30).
Após concluir pela manhã a greve geral de 48 horas, que deixou oito mortos, pequenos grupos bloqueavam as ruas da capital, sob uma persistente chuva. Com o fim da greve, o tráfego passou a fluir com normalidade na capital, onde amplos setores permaneciam vazios desde quartafeira (26). Barricadas foram retiradas e o comércio voltou a abrir. “É normal que haja medo, mas as pessoas continuam nas ruas, apesar de tudo. Eles decidiram prosseguir com esta loucura (Constituinte). A partir de segundafeira (31), se houver alguém em aperto, será o senhor Maduro”, disse o deputado opositor Freddy Guevara.
A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) pediu que os protestos prossigam até domingo, dia da votação. Será um confronto aberto, pois o governo proibiu as mobilizações que afetem a eleição dos 545 constituintes e ameaçou com prisão de cinco a dez anos quem boicotar a ordem, medida rejeitada pela Anistia Internacional. O número de mortos em quatro meses subiu para 113, depois que o Ministério Público confirmou a morte de um policial baleado na cabeça na quinta-feira (27).
Maduro, cuja gestão é rejeitada por 80% da população, segundo o Datanálisis, assegura que a Constituinte garantirá a paz e a recuperação econômica. Ele acusa seus adversários de tentar um golpe de Estado com o apoio dos Estados Unidos e que governos vizinhos da América Latina e da Europa estão sendo submissos ao “império”. “Vamos jogar nossa cartada, a que vai ganhar este jogo, e esta cartada é a Assembleia Nacional Constituinte”, disse Maduro.