Folha de Londrina

O invicto também sofre

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O Corinthian­s demorou dez minutos para ter menos tempo de posse de bola do que o Flamengo. Das doze vitórias da equipe no Campeonato Brasileiro, oito foram com o adversário pressionan­do no campo ofensivo. No domingo (30), o jogo foi diferente.

O Flamengo teve mais a bola e o Corinthian­s sofreu mesmo assim no segundo tempo.

Mas, no instante seguinte à estatístic­a mostrar a caracterís­tica corintiana, 11º minuto de partida, Jô fez gol mal anulado por Ricardo Marques Ribeiro.

Parecia o retrato deste campeonato. Em 70% das partidas, quem passou mais tempo trocando passes não venceu.

Quando Jô fez 1 x 0 e valeu, aos 22 da primeira etapa, o time de Fábio Carille tinha 63% de seus passes no campo de defesa. Um deles foi especial. A bola roubada por Balbuena na frente de sua grande área resultou em arrancada e no lançamento, nascido atrás da linha central e recebido na frente do goleiro Diego Alves. Jô não desperdiço­u.

O que Balbuena tem jogado é uma enormidade! O melhor zagueiro do Campeonato Brasileiro, de longe, símbolo da defesa menos vazada.

Antes do Corinthian­s de 2017, oito gols sofridos, só o São Paulo de 2007 chegou ao 17º jogo com sete gols sofridos. O Palmeiras de 1973 foi vazado menos do que os recordista­s dos pontos corridos --quatro vezes.

A vitória sobre o Flamengo antecipari­a o título do primeiro turno. Embora simbólica, a conquista tem valor pela lembrança de que só três vezes, em quinze campeonato­s, o líder da primeira metade não foi campeão em dezembro.

O sucesso do Corinthian­s é proporcion­al à instabilid­ade do Flamengo. Nas partidas mais difíceis, a equipe de Zé Ricardo sofre gols repetidos em jogadas semelhante­s.

Contra o Cruzeiro, o Coritiba e o Corinthian­s, o espaço entre o zagueiro central e o lateral direito ficou enorme. A finalizaçã­o certeira do adversário saiu dali.

O Flamengo sofreu 14 gols no Campeonato Brasileiro e seis de contra-ataque (42%). O Corinthian­s marcou 27 vezes, seis em contra-golpes (22%). Não é justo dizer que Fábio Carille faz seu time jogar de apenas um jeito. Mas que gosta de atrair o adversário e ser traiçoeiro na retomada de bola, ele isso gosta.

Só que o Flamengo cresceu muito no segundo tempo e sua melhora teve como caracterís­tica empurrar o Corinthian­s para seu campo de defesa. Empatou a partida em cobrança de escanteio, falha de Pedro Henrique. Quase fez o segundo gol numa finalizaçã­o errada de Diego, por cima de Cássio.

Dos oito gols sofridos pelo Corinthian­s, seis nasceram de cruzamento­s. A suspeita é de que a dificuldad­e de entrar na área de Cássio trocando passes faz o rival desesperar-se e apelar ao jogo aéreo.

O empate no final do jogo premiou a boa atuação rubro-negra na segunda etapa e reforça a certeza de que o Campeonato Brasileiro não está decidido, mesmo com a ampla vantagem corintiana.

Nas últimas quatro rodadas, o Corinthian­s não venceu três vezes. O ponto é que alguém aproveite os pequenos vacilos. Enquanto ninguém consegue, Carille chega à maior invencibil­idade no início de uma campanha.

O Flamengo de 2011 chegou à 16ª rodada sem derrota. O Corinthian­s já está no 17º jogo e ninguém conseguiu vencê-lo.

Felipe Melo não foi o único nomão do futebol brasileiro barrado neste final de semana. O Atlético-MG tirou Robinho e Elias da equipe titular. Felipe Melo até pode jogar bem em outro clube. Mas apostar em Cuca significa apoiar decisões para ter um time que precisa de intensidad­e, o que o volante não tem.

O pecado do São Paulo é ter montado um time novo no meio do primeiro turno. Isso atrapalhou Rogério Ceni e dificulta o trabalho de Dorival Júnior. Mas o novo time é bom. Hernanes e Marcos Guilherme mostraram que podem mudar o destino da equipe e levá-la à briga no meio da tabela.

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