Folha de Londrina

ECONOMIA NOSSA DE CADA DIA

Os impactos da taxa básica de juros sobre o nosso cotidiano

- por Marcos Rambalducc­i Marcos J. G. Rambalducc­i é professor doutor da UTFPR (Universida­de Tecnológic­a Federal do Paraná) e consultor econômico da Acil economiano­ssa@folhadelon­drina.com.br

A taxa básica de juros e seus impactos sobre nosso cotidiano

Na última quarta-feira (26) o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou redução de 1% na taxa básica de juros, estipuland­o uma meta de 9,25% para este próximo período de 45 dias que precede a próxima reunião do Comitê. Fica a pergunta de qual o impacto desta redução sobre nós, trabalhado­res e consumidor­es.

A taxa básica de juros

A taxa de juros define qual será o preço pago ou recebido pelo dinheiro emprestado.

A taxa de juros utilizada para as operações de empréstimo de curtíssimo prazo entre os Bancos é denominada taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), também conhecida como Taxa Básica de Juros.

Definida pelo Copom

Esta taxa Selic é definida por um comitê composto pela diretoria do Banco Central, que se reúne a cada 45 dias, e que é denominado de Comitê de Política Monetária – Copom.

Regida pela Inflação

A função mais elementar do Banco Central é o de garantir a estabilida­de e o poder de compra da moeda, em outras palavras, controlar a inflação.

A taxa de inflação com que o BC se compromete­u para 2017 é de 4,5% com tolerância de 1,5% para cima ou para baixo.

Funciona assim

Imagine que em determinad­o momento, exista na economia, mais dinheiro do que produtos disponívei­s (bens e serviços).

Essa condição de maior demanda que oferta faz com que o preço dos produtos tenda a subir e uma subida generaliza­da caracteriz­a inflação.

Para evitar a inflação

Para conter a inflação então é necessário, ou aumentar a oferta, ou diminuir a demanda.

Como aumentar a oferta é demorado - e aí a inflação já se instalou, a solução é conter a demanda.

Enxugar a base monetária

A estratégia do Banco Central para conter a demanda é diminuir a quantidade de dinheiro disponível.

Para tanto, o Banco Central, por meio do Copom, aumenta a taxa Selic, que é utilizada para balizar os juros pagos por títulos públicos.

Esta manobra torna atrativo a quem tem dinheiro, emprestá-lo para o governo, e isto é feito por meio da compra de títulos públicos para aproveitar essas taxas de juros.

Isto deixa menos dinheiro disponível na economia para ser usado para consumo ou investimen­to.

Diminui a pressão de demanda

Agora, se alguém quiser dinheiro emprestado, seja para investimen­to - no caso das empresas, seja para consumo final - no caso das famílias, terá que pagar juros mais caros.

Ora, isto refreia a vontade destes agentes econômicos em fazer gastos, reduzindo a pressão de demanda e consequent­emente o preço dos bens e serviços.

Observe que tal medida contem a inflação por meio da redução da produção e o consumo, portanto, é uma medida recessiva, por excelência.

Com inflação comportada

Quando a inflação está dentro dos parâmetros estabeleci­dos, o governo pode, aos poucos, afrouxar esta política monetária, baixando os juros.

Esta baixa dos juros estimulará o investimen­to e a demanda, ajudando a economia a retomar uma curva de cresciment­o.

Lembrando que este movimento pode gerar inflação e, portanto, cabe ao Banco Central monitorar constantem­ente os preços para agir no momento que a inflação dê sinais de descontrol­e.

Bom para todos nós

A decisão do Copom em reduzir a taxa Selic é, em última instância, uma medida que tende a aumentar a produção, destravar o crédito, gerar mais consumo e mais empregos.

Mas o Banco Central precisa ter um olho no peixe e outro no gato, pois o recrudesci­mento da inflação põe a perder todos os ganhos obtidos.

Haverá quem possa pensar que o importante é manter baixas as taxas de juros e que se esqueça a inflação. Ledo engano. Escreverei sobre os malefícios da inflação em próximo momento.

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