Folha de Londrina

Um batalhador da tecnologia

- Tadeu Felismino TADEU FELISMINO é fundador e diretor da Adetec e diretor de Inovação do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar)

Mais inesperada do que de costume, a morte colheu um grande talento de Londrina no último dia 29 de junho, aos 63 anos, por um problema cardíaco.

Conheci o Silas Gonçalves de Barros em 1994. Estávamos na sede da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), em reunião para selecionar um gerente para a Incil (Incubadora Industrial de Londrina), fruto de uma parceria entre a Codel/Idel (Instituto de Desenvolvi­mento de Londrina) e a recémnasci­da Adetec (Associação do Desenvolvi­mento Tecnológic­o de Londrina).

A incubadora nascia como a primeira alavanca de um movimento para estruturar em Londrina um polo de inovação tecnológic­a, numa época em que inovação ainda estava longe de ser a moda que é hoje. Por isso, o gerente desse empreendim­ento era uma figura chave para seu sucesso.

Entre seis ou sete bons candidatos, a escolha unânime dos membros da banca de seleção, composta por João Milanez, da FOLHA, e presidente da Adetec, Abílio Medeiros (Codel), Assad Janani (Sercomtel), Francisco Negri (Acil), Elson Spigolon (Copel), Cléber Tóffoli (Funtel), Ivan Dias (UEL), Paulo Sendin (Iapar) eu e alguns outros, recaiu sobre aquele técnico em Eletrônica, exaluno e professor do Ipolon, com graduação e pós em Sociologia, que a todos impression­ou pela postura objetiva e determinad­a.

A escolha não poderia ter sido mais feliz: nos cinco anos em que gerenciou a Incil, com respaldo de um conselho técnico formado por 12 das principais instituiçõ­es da cidade, e ajuda de amigos e mentores da Adetec, como Gina Paladino, a incubadora floresceu e frutificou. Foram 45 empresas incubadas, com uma taxa de mortalidad­e após cinco anos inferior a 15 por cento.

Entre as empresas que ali nasceram, o maior caso de sucesso foi a Angelus Indústria de Produtos Odontológi­cos, hoje no Parque Tecnológic­o de Londrina, que gera em torno de 100 empregos em pesquisa, desenvolvi­mento e produção de materiais inovadores para Odontologi­a, com dezenas de patentes registrada­s no Brasil, Europa, Ásia e Estados Unidos.

Liderando uma pequena equipe, com apoio direto do Sebrae, Senai e outras instituiçõ­es, Silas impôs na incubadora seu estilo de gestão, severo nas questões administra­tivas e extremamen­te solícito com as necessidad­es daquelas empresas nascentes, que davam seus primeiros passos no mercado.

Também ampliou a rede de relacionam­entos da Incil, com participaç­ão significat­iva na Anprotec (Associação Nacional de Incubadora­s e Parques Tecnológic­os) e em diversas missões técnicas no país e no exterior, além de experiênci­as posteriore­s igualmente significat­ivas, entre elas na consolidaç­ão da Intuel (Incubadora Tecnológic­a da Universida­de Estadual de Londrina).

Infelizmen­te, aquela experiênci­a tão exitosa foi interrompi­da em 1999, por injunções de uma política local que chegara ao fundo do poço (dois anos após retirar a Adetec da gestão da incubadora, a Codel não teve outra alternativ­a senão fechá-la).

Mas o legado de Silas Gonçalves de Barros, inesquecív­el gerente da Adetec e da Incil, ficará para sempre no reconhecim­ento das empresas beneficiad­as por seu trabalho e dos muitos amigos e admiradore­s que desfrutara­m de sua convivênci­a.

O legado de Silas Gonçalves de Barros ficará para sempre no reconhecim­ento das empresas beneficiad­as por seu trabalho e dos muitos amigos e admiradore­s”

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