‘Tropa de choque’ de Temer tenta garantir quórum mínimo
O objetivo dos governistas é liquidar já na quarta-feira a votação da denúncia contra o presidente da República
Brasília - A “tropa de choque” do presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados deu início na segundafeira (31) a uma operação mínimo exigido para que a votação de fato da denúncia possa começar. Os deputados retornam nesta terça (1º) do recesso parlamentar.
Para alcançar as 342 presenças, a principal estratégia dos governistas é convencer deputados filiados a partidos da base aliada, mas que estão indecisos ou que votarão contra Temer a registrarem presença. Com isso, esperam não depender da oposição, que reúne 100 deputados, para que a votação possa começar. Parte dos oposicionistas defende não registrar presença, para impedir o início da votação.
O objetivo dos governistas é tentar liquidar já na quarta-feira a votação da denúncia, evitando que Temer fique “sangrando”, como deseja a oposição. A avaliação é de que é preciso superar a votação por dois motivos. O mais importante é evitar que o surgimento de novos fatos, como possíveis novas delações, prejudique o presidente. O segundo é deixar a pauta da Câmara livre para votação da reforma da Previdência.
Lideranças governistas acreditam que a base aliada tem condições sozinha de garantir o quórum exigido para início da votação. Pelos cálculos deles, todos os partidos da base aliada reúnem juntos 380 deputados. Se a maior parte desses parlamentares registrar presença, independente de votarem contra ou a favor de Temer, o governo acredita que conseguirá reunir as 342 presenças mínimas exigidas para que a votação comece.
A sessão plenária em que a denúncia será analisada está marcada para começar às 9 horas, mas os trâmites da votação só poderão iniciar quando pelo menos 52 dos 513 deputados estiverem no plenário. A primeira etapa serão os discursos do relator do parecer sobre a denúncia, deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), da defesa e dos deputados inscritos. Só depois começará a votação de fato, que se dará por chamada nominal.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no entanto, só pode chamar os deputados para votar quando pelo menos 342 deputados tiverem registrado presença. Esse é o quórum mínimo exigido para que a denúncia seja aceita pela Câmara. Isso significa que, para barrar a denúncia, Temer precisa de apenas 172 votos, o que o governo já diz contar. Pelos cálculos de governistas, o presidente tem hoje mais de 250 votos a seu favor.
O presidente Michel Temer foi denunciado por corrupção passiva pelo procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, com base na delação dos donos e executivos do grupo J&F, do qual o frigorífico JBS faz parte. Na denúncia, Janot
para tentar garantir a presença de pelo menos 342 parlamentares na sessão desta quarta-feira (2) quando está marcada a análise da denúncia por corrupção passiva contra ele no plenário da Casa. Esse é o quórum afirma que Temer foi beneficiário final da mala com R$ 500 mil de propina pagos pela JBS ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor do presidente no Palácio do Planalto.
“BANCADA DO BOI”
Às vésperas da votação que deve decidir o futuro político do seu governo, Michel Temer iria se encontrar com integrantes da Frente Parlamentar pela Agropecuária, mais conhecida como “bancada do Boi”, que conta com 209 deputados suficientes, por exemplo, para barrar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra ele por corrupção passiva (172 votos).
O deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), presidente da Frente, afirmou que um almoço com o presidente Temer está marcado para esta terça-feira, na sede da Frente dentro do próprio Congresso. “A ideia é falar de licenciamento ambiental e entregar um manifesto sobre os benefícios do Biodisel”, conta. “Claro, que, eventualmente, outras pautas e assuntos podem surgir”, completa Leitão.
O jornal “O Estado de S. Paulo mostrou” em reportagem no domingo (30) que 80% dos 213 deputados que não declararam publicamente como vão votar ao Placar do Estado pertencem a pelo menos uma das bancadas “BBB” (Boi, Bala e Bíblia), que se organizam para defender temas ligados ao agronegócio, à segurança pública e à religião.
(Colaborou Gilberto Amendola/AE)