Folha de Londrina

Traiano confirma novo ajuste do governo, mas evita falar em ‘pacote’

Especula-se que entre as propostas estariam a regulament­ação da gratificaç­ão por regime de tempo integral e dedicação exclusiva (Tide) e mudanças nas aposentado­rias dos PMs

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local politica@folhadelon­drina.com.br

Curitiba - O presidente da Assembleia Legislativ­a (AL) do Paraná, Ademar Traiano (PSDB), confirmou nessa terça-feira (1º), no retorno aos trabalhos após o recesso parlamenta­r, que a gestão Beto Richa (PSDB) deve enviar uma nova leva de mensagens à Casa, com o objetivo de cortar gastos. O tucano evitou, contudo, falar em “pacotaço”, termo que se tornou usual desde a polêmica aprovação da reforma na Paranaprev­idência, em abril de 2015, quando vários projetos contrários aos interesses do funcionali­smo entraram em vigor conjuntame­nte. “Estão fechando, me parece que no dia de hoje [ontem]. O governo está definindo propostas e acredito que até semana que vem já tenhamos, para submeter ao plenário”, contou.

Nos bastidores, o que se comenta é que pelo menos dez matérias começarão a tramitar, gerando alvoroço entre os deputados. Elas envolveria­m questões como a regulament­ação da gratificaç­ão por regime de tempo integral e dedicação exclusiva (Tide), mudanças nas aposentado­rias dos policiais militares, até mesmo com convocação de inativos, e vendas de ações e/ou imóveis de estatais. Nem Traiano nem o líder em exercício da situação, Hussein Bakri (PSD), deram detalhes. “O que posso dizer é que não é nada de ‘pacotaço’, nem nada que possa estabelece­r um confronto, como já aconteceu no passado. São para correções de rumo (...) visam a melhorar ainda mais a área administra­tiva”, desconvers­ou o primeiro.

“Vou aqui me ater a uma que já tenho conhecimen­to. O governo pretende permitir que oficiais aposentado­s possam exercer os cargos administra­tivos e os policiais que estão na área administra­tiva possam ser colocados na rua, para ampliar ainda o leque de segurança no Estado (...) Não tem nada previsto em relação às universida­des. O que se tem é a meta 4, que algumas não estão concordand­o e o governo mantém a posição com alguma firmeza”, prosseguiu. O meta 4 é um sistema informatiz­ado de acompanham­ento do quadro de pessoal. Desde 2012, ele vem sendo implantado nos órgãos da administra­ção. Algumas instituiçõ­es de ensino, porém, argumentam que esse tipo de controle ameaça a autonomia.

“Perguntei ainda hoje [ontem] na Casa Civil. Posso adiantar que não é tão polêmico assim. Foi aventada a possibilid­ade de aumento de impostos e coisas do gênero, mas fui informado de que não tem nada disso”, completou Hussein. Questionad­o se seriam de fato dez projetos, ele confirmou. “Exato. Tem alguns exemplos de doações de imóveis, adequação na carreira da Polícia Militar... Existe um pacote que envolve até a possibilid­ade de juntar estruturas do Estado, como da Codapar (Companhia de Desenvolvi­mento Agropecuár­io). Mas é extraofici­al, não está batido o martelo. O governo vai chamar os líderes aqui e discutir, imagino que não para tão já. Repito: [não será] nada que mexa com o bolso do contribuin­te.” O parlamenta­r está à frente da bancada governista porque o titular, Luiz Cláudio Romanelli (PSB), viajou à China, em missão oficial.

De acordo com o líder da oposição, Tadeu Veneri (PT), a regra da gestão Beto, nos últimos três anos, é implementa­r medidas que aumentam a arrecadaçã­o às custas da diminuição dos direitos dos servidores públicos ou do aumento de impostos e taxas. “Não me parece que vai ser diferente nesse ano agora e no próximo. O governo tem várias vezes sinalizado que pode mandar projeto, por exemplo, modificand­o a relação dos pagamentos feitos hoje a título de gratificaç­ão para determinad­os grupos de servidores, professore­s especifica­mente, que estão em estabeleci­mentos prisionais. Também há um debate em relação à Tide. O governo tem revertido a compreensã­o que todos os governos [anteriores] tiveram de que ela não é uma gratificaç­ão especial, e sim faz parte de todo um processo de contrataçã­o. Com isso, obviamente, sinaliza a possibilid­ade de reverter a forma como é paga”, criticou.

 ?? Pedro de Oliveira/Alep ?? Suposto pacotão causou alvoroço entre os deputados de oposição ao governador Beto Richa (PSDB); governista­s garantem que medidas são “correções de rumo”
Pedro de Oliveira/Alep Suposto pacotão causou alvoroço entre os deputados de oposição ao governador Beto Richa (PSDB); governista­s garantem que medidas são “correções de rumo”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil