Folha de Londrina

Lula vira réu mais uma vez no caso do sítio de Atibaia

Após ser condenado a nove anos e seis meses de prisão no caso do tríplex do Guarujá (SP), ex-presidente é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro

- Estelita Hass Carazzai Folhapress

- O juiz Sérgio Moro aceitou, nessa terça-feira (1º), mais uma ação contra o expresiden­te Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato, relativa ao sítio de Atibaia (SP). Desta vez, o petista é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no sítio de Atibaia (SP). A denúncia havia sido apresentad­a no final de maio pelo Ministério Público Federal, mas só agora foi aceita por Moro. Esta é a sexta ação contra Lula por suspeitas de corrupção. Ele já foi condenado em uma delas, a nove anos e seis meses de prisão, por corrupção no caso do tríplex do Guarujá (SP).

Segundo a acusação, o expresiden­te se beneficiou de R$ 1,02 milhão em benfeitori­as no sítio, que era frequentad­o pelo petista e seus familiares. As reformas teriam sido pagas pelas empreiteir­as Odebrecht e OAS. Uma reportagem da “Folha de S.Paulo”, em janeiro de 2016, revelou que a Odebrecht realizou a maior parte das obras no local, gastando R$ 500 mil apenas em materiais.

Os valores usados nas reformas teriam vindo, segundo a denúncia do Ministério Público, de contratos das empreiteir­as na Petrobras, e repassados como vantagem ilícita ao ex-presidente.

Na decisão que acatou a denúncia, Moro destaca que “não há qualquer registro de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha pago qualquer valor por essas reformas realizadas no sítio de Atibaia”.

“Evidenteme­nte, não se trata de conclusão quanto às pro- vas, pois elas estão sujeitas a críticas e ao contraditó­rio”, complement­a o juiz. Segundo ele, caberá ao ex-presidente demonstrar se arcou com alguma das despesas, por meio de prova documental, o que poderia fazer “com facilidade” por meio de transferên­cias bancárias e outros documentos.

Para a Procurador­ia, o sítio, que está em nome dos empresário­s Fernando Bittar e Jonas Suassuna, pertencia, na realidade, a Lula, “proprietár­io de fato” do local, e foi comprado em seu benefício.

Entre as provas mencionada­s pelos procurador­es estão e-mails enviados a endereços do Instituto Lula, que citam cardápios de almoço no sítio e viagens do petista a Atibaia. Um deles fala sobre uma jaguatiric­a que pode ter comido marrecos do sítio, “em resposta à pergunta do presidente”.

OUTRO LADO

Na época da denúncia, a defesa de Lula afirmou que a acusação era “frívola” e uma “tentativa desesperad­a de justificar à sociedade a perseguiçã­o contra o ex-presidente”. Para o advogado Cristiano Zanin Martins, a peça “recorre a pedalinhos e outros absurdos” para sustentar a tese de que Lula seria o verdadeiro proprietár­io do sítio - o que o petista nega. “A Lava Jato age de forma desleal em relação a Lula, com acusações manifestam­ente improceden­tes”, declarou Martins, para quem a Procurador­ia “tenta dar vida à tese política do PowerPoint de Deltan Dallagnol [procurador da Lava Jato]”.

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