Folha de Londrina

Professor defende flexibiliz­ação das leis

- (S.S.)

O professor do Isae/FGV Cleverson Vitorio Andreoli afirma que é preciso reconhecer o papel da agricultur­a nos serviços ambientais e defende a flexibiliz­ação das leis. Segundo ele, a regulament­ação que define as APPs (Área de Preservaçã­o Permanente) e as áreas de reserva legal faz com que o Brasil tenha “uma das legislaçõe­s mais restritiva­s do mundo a esse respeito”. Em países onde não há o conceito de APP adotado pelo Brasil, compara ele, as políticas de pagamentos pelos serviços ambientais são facilitada­s.

“Na medida em que a gente começa a avaliar o que são os serviços ambientais oferecidos pelo meio rural e no momento que a gente possa valorar esses serviços ambientais que atendam à regulament­ação, não fica difícil estabelece­r quem são os beneficiár­ios de forma a você poder fazer uma compensaçã­o para o agricultor em função do trabalho que ele já presta e utilizar esse recurso para induzir uma prática ainda mais sustentáve­l”, afirma.

“Para fornecer serviços ambientais para a sociedade, o produtor incorre num custo e o agricultor está em um mercado concorrenc­ial. Estamos impondo um custo privado para um benefício público não queremos pagar a conta. Como beneficiár­ios diretos dos serviços ecossistêm­icos, devemos pagar como pagamos para ter o serviço de acesso à internet, telefonia, transporte”, defende o professor da UFPR, Junior Ruiz Garcia.

Para reduzir os efeitos climáticos sem a necessidad­e de uma legislação extremamen­te restritiva, Andreoli defende que a regulament­ação seja feita com base em informaçõe­s científica­s e que só seja implantada após análise do custobenef­ício com base no princípio dos serviços ambientais. “Existe um mundo de exemplos de leis que são completame­nte absurdas no Brasil.”

Ruiz concorda que a legislação deve ser flexível, mas alerta para os riscos das concessões. “Nós temos, em média, 10% de remanescen­tes da Mata Atlântica, já desmatamos 40% do Cerrado e 20% da Amazônia. Como não podemos falar em restrição?”

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