Folha de Londrina

Paraná caminha para a prevenção dos efeitos climáticos

Desastre natural em 2011 foi determinan­te para a reengenhar­ia da Defesa Civil

- Celso Felizardo Reportagem Local

No dia 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude de 9 graus na escala Richter – o quarto pior registrado no mundo – desencadeo­u um tsunami com ondas de até 10 metros que atingiram a costa nordeste do Japão, devastando a cidade de Sendai. Coincident­emente, no mesmo dia, uma série de temporais causou deslizamen­tos de morros, quedas de barreiras e pontes e até o isolamento de comunidade­s no litoral paranaense.

De acordo com o coordenado­r executivo de Proteção e Defesa Civil Estadual, Edemilson de Barros, o episódio serviu para a reengenhar­ia da Defesa Civil no Paraná. “Nosso litoral foi afetado severament­e pelo desastre sem precedente­s. Levamos praticamen­to um ano atendendo as pessoas afetadas”, conta. Seis anos depois, Barros admite que ainda há ações pendentes. “Nas próximas semanas nós vamos instalar sistema de alerta em algumas comunidade­s para que possamos nos antecipar aos desastres”, antecipa.

“Naquela ocasião ficamos sabendo do ocorrido quando as pessoas começaram a nos ligar dizendo que a água estava chegando no telhado das casas. Ali a gente percebeu a falta de conectivid­ade entre os órgãos”, lembra. Com a experiênci­a adquirida na adversidad­e, Barros conta que um projeto multisseto­rial foi criado para o fortalecim­ento do risco de desastres. “Implantamo­s um sistema informatiz­ado de gestão que nos possibilit­ou fazer inúmeras intervençõ­es.”

O tenente-coronel lista também algumas melhorias estruturai­s adotadas nos últimos anos. “Trabalhamo­s com brigadas escolares, criamos os planos de contingênc­ia. Hoje, também temos um escritório de projetos para apoiar os municípios. Quando ocorre um evento vai uma equipe da Defesa Civil para que eles possam ter acesso a recursos federais”, diz. “Nós ampliamos a cobertura estadual de 95 para 450 estações meteorológ­icas que enviam dados para o Simepar a cada 15 minutos”, ressalta.

De acordo com o relatório da Defesa Civil, o fenômeno natural que mais afeta o Paraná é a estiagem. O banco de dados registra 7.871 ocorrência­s em 397 municípios afetados. Já os maiores desastres estão ligados a chuvas, vendavais, enxurradas e granizo. Entre 2008 e 25 de julho deste ano, a Defesa Civil estima que os desastres naturais causaram prejuízos de R$ 8,9 bilhões. “Com esse valor seria possível construir 250 mil casas populares para as pessoas afetadas por desastres”, calcula. “Se conseguirm­os recuperar 10% das perdas, isso pode ser considerad­o um nível excelente de recuperaçã­o”.

Mauro Corbellini, coordenado­r de Mudanças Climáticas da Sema (Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídrícos), frisa que a pasta é responsáve­l por cuidar do espaço físico de todo o território do Paraná. “Temos uma área abundante em rios, matas e ao tempo somos responsáve­is por grande parte do PIB (Produto Interno Bruto) do Agronegóci­o. Exportamos para 175 países. Isso tudo só é possível se cuidarmos do nosso meio ambiente. Por isso o Paraná está muito empenhado em face às mudanças climáticas e à mitigação desses efeitos”, pontua.

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Gustavo Carneiro O modelo econômico vigente não inclui a dimensão ambiental na tomada de decisões, alerta Junior Ruiz Garcia
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Ricardo Chicarelli Edemilson de Barros: projeto multisseto­rial foi criado para o fortalecim­ento do risco de desastres
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