Governo chavista manda rivais de volta à cadeia
É a primeira medida do regime de Maduro contra adversários desde a eleição da Assembleia Constituinte
- O serviço de inteligência da Venezuela levou de volta à cadeia na madrugada desta terça-feira (1º) Leopoldo López e Antonio Ledezma, dirigentes da oposição ao presidente Nicolás Maduro e que cumpriam prisão domiciliar. O retorno dos dois à reclusão é a primeira medida do chavismo contra seus adversários desde a eleição da Assembleia Constituinte. Antes da votação, no domingo (30), Maduro ameaçou usar a Casa para punir os rivais pelos protestos contra o governo.
Em sentença divulgada horas depois da captura, o TSJ (Tribunal Supremo de Justiça), dominado pelos governistas, afirmou, citando “fontes de inteligência”, que havia um plano para levar López e Ledezma para o exterior. Os juízes, porém, não apresentaram provas.
Os advogados dos opositores negaram as alegações. Na decisão, o TSJ também considerou que os políticos violaram a determinação de que deveriam “abster-se de fazer proselitismo político”. Ambos, de fato, romperam a regra. Além de votarem no plebiscito não oficial da oposição que rejeitou a Constituinte, em 16 de julho, os dois fizeram vídeos e mensagens de apoio aos protestos e contra o governo chavista.
Em gravação na semana passada, López pediu às Forças Armadas que “não sejam cúmplices do aniquilamento do Estado”. Ele também usou uma rede social para pedir a seus seguidores que se mantivessem nas ruas “até conseguir o retorno da democracia”.
Ledezma pediu resistência ao que chamou de “regime autoritário”, na primeira declaração antigoverno desde que entrou em prisão domiciliar, em fevereiro de 2016.
Ex-prefeito metropolitano de Caracas, Ledezma foi preso em fevereiro de 2015 acusado por conspiração e associação criminosa por um suposto complô para derrubar Maduro.
Já López foi condenado a 13 anos e nove meses de prisão por incitação à violência na onda de protestos antigoverno em 2014. Detido desde fevereiro daquele ano, ele foi posto em prisão domiciliar em 8 de julho deste ano.
A coalizão opositora MUD (Mesa de Unidade Democrática) disse que a volta de seus dirigentes à cadeia “é uma clara demonstração da ditadura que vem se impondo com a violência e a violação dos direitos humanos”.