Folha de Londrina

Arquivo Nacional corre risco de fechar

- Ana Carolina Neira Agência Estado

O Arquivo Nacional, localizado no centro do Rio de Janeiro, pode fechar as portas por falta de recursos financeiro­s. De acordo com a instituiçã­o, o repasse de verbas feito pelo Ministério da Justiça para este ano foi reduzido em 36%, passando de R$ 22 milhões em 2016 para os atuais R$ 14 milhões.

Falta dinheiro para tudo: pagamento das contas de água, luz, gás e serviços de segurança e limpeza. A maior preocupaçã­o da equipe é com a manutenção do acervo, que guarda documentos como imagens da Família Imperial, o julgamento de Tiradentes, cartas do período colonial, arquivos da ditadura militar e papéis que comprovam a entrada e permanênci­a de milhões de imigrantes no Brasil. No total, são 55 quilômetro­s de documentos e 1,8 milhão de fotografia­s.

“Os recursos atuais nos permitem que honremos os nossos compromiss­os até o mês de agosto. A direção-geral do Arquivo Nacional está empenhada em evitar que os serviços sejam suspensos”, afirmou o diretor-geral substituto da instituiçã­o, Diego Barbosa da Silva.

Neste ano, após a determinaç­ão do Ministério do Planejamen­to, Desenvolvi­mento e Gestão de reduzir o orçamento do Arquivo Nacional, 25% dos funcionári­os terceiriza­dos da instituiçã­o foram demitidos. “Algumas decisões foram tomadas. Estamos reduzindo o consumo de luz elétrica por meio de diversas ações como desligar metade dos elevadores e o ar-condiciona­do das áreas de trabalho. Assim, conseguimo­s garantir a climatizaç­ão dos depósitos e preservamo­s a documentaç­ão”, explicou Silva.

A possibilid­ade do fechamento ocorre justamente quando o interesse do público pelo acervo disponível cresceu. Entre 2016 e 2017, a procura por documentos do Arquivo Nacional aumentou 50%, de acordo com dados do próprio órgão. “Até este mês de julho atingimos 40 mil acessos, mesma quantia vista em todo o ano passado”, apontou Silva. Ele também conta que as visitas aos sites e bases de dados na internet avançaram de 2,8 milhões em 2016 para 3,2 milhões até junho. “Esse aumento devese, sobretudo, a procura de documentos que comprovam ascendênci­a estrangeir­a para aquisição de dupla cidadania”, explicou.

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Tomaz Silva/Agência Brasil Maior preocupaçã­o é com a manutenção do acervo, que guarda documentos como imagens da Família Imperial e arquivos da ditadura militar

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