Folha de Londrina

SEM CUIDADOS

Acolhiment­o e readaptaçã­o para retorno à natureza ocorrem em instituiçõ­es privadas, que estão perdendo o interesse na atividade por causa do alto custo

- Carolina Avansini Reportagem Local

Paraná não tem estrutura pública para receber e tratar animais silvestres apreendido­s. Readaptaçã­o para retorno à natureza é feita apenas em instituiçõ­es privadas

Animais silvestres apreendido­s no Paraná contam apenas com a boa vontade de empresas privadas para receberem acolhiment­o e, quando possível, serem preparados para retornar à natureza. O Estado não tem nenhuma instituiçã­o pública que se responsabi­lize pelo trabalho, conforme reconheceu Edilaine Vieira, diretora de licenciame­ntos especiais do IAP (Instituto Ambiental do Paraná). Diante do alto custo para manter toda a estrutura necessária para manter e readaptar os bichos, porém, instituiçõ­es ligadas à iniciativa privada também estão fechando.

Na Região Metropolit­ana de Curitiba, a PUC-PR desativou recentemen­te o Cetas (Centro de Triagem de Ani- mais Silvestres) que mantinha em Tijucas do Sul, alegando que a atividade não se relaciona com o foco da instituiçã­o. A maior parte dos animais foi entregue ao IAP, que os realocou. Como não houve permissão para soltar ou doar 72 tartarugas da espécie Trachemys scripta – considerad­a invasora -, foi autorizada a eutanásia das mesmas.

Na região de Londrina, o Parque das Aves, em Apucarana, foi fechado por não estar em conformida­de com as exigências da legislação ambiental. A prefeitura informou que não tem interesse em reabrir o local. Em Mauá da Serra, após quatro anos, a RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) Monte Sinai vai voltar a funcionar graças ao retorno do repasse do ICMS ambiental.

Edilaine explica que, hoje, quando há apreensão de animais silvestres, agentes dos diversos órgãos de fiscalizaç­ão são orientados a entregálos nos escritório­s regionais do IAP. As ocorrência­s podem ser relativas a criação, venda ou posse de animais irregulare­s. “Para criar ou comerciali­zar, é preciso autorizaçã­o legal”, reforça.

Os escritório­s são “impro- visados” para acolher as espécies, pois, conforme a gerente, a recomendaç­ão é que o local seja usado apenas para triagem. Ao observar a atitude dos bichos e avaliar informaçõe­s como tempo de cativeiro e condições de saúde, os fiscais já conseguem identifica­r se é possível soltálos imediatame­nte.

Quando não é possível, são encaminhad­os para os escritório­s e, posteriorm­ente, a mantenedou­ros conveniado­s, como institutos conservaci­onistas ou zoológicos. Conforme apurou a reportagem da FOLHA, na região de Londrina não há nenhuma instituiçã­o apta para isso.

Edilaine esclarece ainda que os institutos são empreendim­entos que recebem animais apenas para preservaçã­o, sem objetivo comercial, ao contrário dos zoológicos, que podem cobrar para visitação. Outra modalidade de encaminham­ento é a entrega a pessoas físicas para termos de guarda. “O custo para manter os animais é alto e não oferece retorno financeiro. Mas ainda existem pessoas que amam os bichos e querem contribuir”, diz.

Ela afirma que existe previsão de o Estado assumir o Cetas de Tijucas do Sul a partir do ano que vem, com gerenciame­nto do IAP. “A estrutura deve estar disponível para animais apreendido­s na capital e no litoral. No interior, o atendiment­o continuará nos escritório­s. “Vamos assinar um termo de compromiss­o para instalar um Cetas também em Ponta Grossa”, prevê.

A gestora não vê, a curto prazo, a possibilid­ade de reduzir a demanda para esse tipo de serviço. “A maioria das pessoas tem consciênci­a mínima e continua retirando os bichos da natureza”, lamenta.

Em Telêmaco Borba (Campos Gerais), o Parque Ecológico da Klabin, desde 1980, recebe e trata animais silvestres feridos e realiza estudos e pesquisas em fauna e flora. Atualmente o espaço está recebendo melhorias em sua estrutura. Foram construído­s mais de 20 mil metros quadrados em recintos, além de um novo centro de reabilitaç­ão para os animais resgatados.

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Fotos: Gina Mardones Quase cem animais sem condições de retornar para a natureza permanecer­am acolhidos na reserva Monte Sinai graças a investimen­tos do proprietár­io da fazenda

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