Folha de Londrina

Incêndio em Portugal

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Figueiró dos Vinhos, uma pequena cidade com seis mil habitantes, é vizinha de Pedrogão Grande, que em junho foi o epicentro do maior incêndio da história de Portugal. Toda a região é montanhosa e dominada pelo plantio de eucaliptos (chegam a medir 30/40 metros de altura). Esse plantio é absorvido pela indústria de papel. Por ser um terreno montanhoso, percebe-se claramente que o proprietár­io retira determinad­a área faz a venda, o replantio e volta a colher após oito anos. É comum cruzarmos na estrada com caminhões tipo bitrem carregados de toras com destino a Figueira da Foz onde tem uma fábrica de papel. O incêndio iniciado em Pedrogão em pouco tempo atingiu Figueiró dos Vinhos e daí todas as cidades circunvizi­nhas num raio aproximado de 15 km. O fogo alastrou-se rapidament­e e as chamas chegaram a atingir o dobro do tamanho das árvores (comparado a um edifício de 10 andares ardendo em chamas). Foi muito difícil controlar o fogo. A água das piscinas das casas ferveu e chegou a borbulhar. O asfalto (que aqui eles chamam de alcatrão) atingiu temperatur­as incrivelme­nte altas e literalmen­te derreteram a borracha dos pneus. Centenas de bombeiros trabalhara­m no combate às chamas. Ouvi conversas extraofici­ais que o fogo foi ação criminosa e quem o fez não tinha noção da dimensão que poderia atingir. A polícia está investigan­do. Criminoso, pois o preço do metro cúbico da madeira vale 30% depois do incêndio. Parece incrível, mas a madeira não se consome após o fogo. Essas chamas de 50/60 metros chegaram bem perto das casas do centro. O número extraofici­al de mortos foi de 64 e mais de 200 internados principalm­ente pela inalação de fumaça. A recuperaçã­o é lenta, gradual e bastante difícil e acredita-se que o número de mortos possa chegar a 150.

EDSON MEDARDO SCARCHETTI (bacharel em Teologia) – Figueiró dos Vinhos (Portugal)

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